Um portal de notícias colocou a matéria sobre as ameaças às parlamentares catarinenses na editoria “Cotidiano”, reservada para assuntos do dia-a-dia

 SUL21 - 10/2/2

biga pereira

Vereadora Biga Pereira, do PCdoB
 

Abigail (Biga) Pereira (*)

No dia 3 de fevereiro, prestes a ter seu mandato cassado após denunciar o que considerou um gesto nazista praticado por bolsonaristas em São Miguel do Oeste (SC), a vereadora Maria Tereza Capra (PT) recebeu uma ameaça de morte por e-mail. Só nas últimas semanas outras duas vereadoras catarinenses também foram alvo de ataques pela internet, Ana Lúcia Martins (PT), vereadora de Joinville, e Giovana Mondardo (PCdoB), de Criciúma.

Quem trabalha com questões de gênero se depara constantemente com os números assustadores da violência contra as mulheres em nosso país. Quem nunca leu manchetes que trazem os recordes de feminicídio em 2022? É preciso um esforço diário para não naturalizar esses números e não perder a sensibilidade, para manter o otimismo que dá forças para lutar pelo fim dessa barbárie. 

Mas a violência contra as mulheres se expressa das mais diversas formas: as que ousam ocupar os lugares de poder, tradicionalmente atribuídos aos homens, ficam expostas e têm sua capacidade constantemente questionada, suas vidas pessoais invadidas e sobre elas recaem os mais pesados julgamentos da opinião pública. 

Um portal de notícias colocou a matéria sobre as ameaças às parlamentares catarinenses na editoria “Cotidiano”, tradicionalmente reservada para assuntos do dia a dia. É uma infeliz ironia que um caso de violência machista esteja em Cotidiano. Não podemos deixar que a agressão perpetrada contra as mulheres seja algo cotidiano, banal, algo que nos faça perder o senso da gravidade que isso representa. Precisamos perceber a brutalidade do machismo, e que a agressão em uma doa em todas nós. 

Não podemos esquecer do golpe que derrubou Dilma, uma presidenta democraticamente eleita. Não podemos ignorar os tiros que calaram Marielle, uma mulher negra e periférica. Não podemos fechar os olhos para o racismo enfrentado por tantas parlamentares negras, nem para a LGBTfobia que agride Duda Salabert, Erika Hilton, entre outras. Não podemos transformar a violência sofrida por Maria Tereza, Ana Lúcia e Giovana em cotidiano. 

Não podemos relativizar as violências políticas de gênero que acontecem  aqui na nossa Porto Alegre.  Em 2020, a principal candidata à prefeitura da capital gaúcha, Manuela D’Ávila, foi atacada com fake news e em debates públicos. Recentemente, a então vereadora Bruna Rodrigues sofreu assédio de um colega do legislativo municipal dentro da própria Câmara.  

Precisamos enfrentar diariamente as estruturas machistas da nossa sociedade e na política também, criar mecanismo de combate a violência política de gênero que sejam eficazes e possibilitem que mais mulheres sintam-se acolhidas nestes espaços de decisão. O cotidiano que queremos viver e as notícias que desejamos estampar são aquelas que mostram conquistas e políticas públicas que irão melhorar vidas de mulheres e de homens, um cotidiano sem machismo.

(*) Vereadora de Porto Alegre pelo PC do B

 

fonte: https://sul21.com.br/opiniao/2023/02/a-violencia-politica-contra-mulheres-nao-pode-ser-cotidiano-por-biga-pereira/


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