Crimes de violência doméstica e pedidos de medida protetiva só crescem nos últimos 3 anos, mas milhares de vítimas não pedem proteção

 

 Metrópoles

 

Distrito Federal vive uma onda de violência contra a mulher em 2023, com ao menos seis crimes de feminicídio registrados nas sete primeiras semanas do ano. Dados históricos mostram que casos de violência doméstica e pedidos de medida protetiva só cresceram nos últimos 3 anos. Outro recorte que chama atenção mostra que milhares de vítimas acabaram por não solicitar esse tipo de proteção.

Um levantamento feito pelo Metrópoles aponta um crescimento anual de crimes relacionados a agressões contra mulheres, entre 2020 e 2022 no DF. Foram 15.995 registros em 2020, 16.791 em 2021 e 16.949 em 2022. No ano passado, foram, em média, 46 casos de violência por dia.

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Porém, 2.987 mulheres que foram vítimas de violência no ano passado não solicitaram medidas protetivas, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). Os números de ocorrências de Maria da Penha em que os alvos das agressões solicitaram a proteção chegou a 13.962 em 2022, o que representa aumento em relação a 2021, quando foram registrados 16.791 ocorrências com esse pedido, e em relação a 2020, com 13.747 casos.

 
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Para Mariana Nery, advogada especialista em direito da mulher e gênero, são várias as lacunas sociais que fazem com que a vítima deixe de denunciar ou pedir medidas protetivas. “Elas muitas vezes têm medo, falta independência financeira e informação. As políticas públicas ineficazes também podem deixá-las ainda mais vulneráveis”, avalia.

A especialista ainda vê como necessário um maior rigor na aplicação das leis para combater feminicídios e outros crimes violentos contra as mulheres. “Se a polícia, o judiciário e as políticas públicas de proteção à vítima funcionassem, os números de feminicídio seriam bem menores.”

Força-tarefa

Governo do Distrito Federal (GDF) criou uma força-tarefa contra o feminicídio. O grupo é composto por mais de 10 instituições e terá 45 dias para apresentar um relatório final com as medidas a serem implementadas. O objetivo é “propor políticas públicas voltadas à prevenção do feminicídio, à proteção, ao acolhimento e à eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres”, como traz a publicação de criação da grupo de trabalho.

Na primeira reunião, um programa realizado em escolas foi destacado como uma das iniciativas mais exitosas dentro do tema. O Maria da Penha Vai à Escola, criado pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), tem como base a educação para a prevenção de crimes contra as mulheres. Na ação, os estudantes conhecem a legislação e fazem atividades de reflexão sobre a necessidade do respeito entre gêneros.

 

O DF tem, ainda, um programa chamado Mulher Mais Segura, que monitora, simultaneamente e em tempo real, vítima e agressor, estabelecendo uma distância segura entre eles e impedindo aproximação. “A partir da determinação do Judiciário local, a mulher vítima de violência recebe um dispositivo que informa a ela sobre a aproximação do agressor. Além disso, o dispositivo pode ser acionado sempre que a vítima se sentir em perigo”, informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF).

Já a Polícia Militar do DF (PMDF) conta com um policiamento especializado para atendimento às mulheres, por meio do Programa de Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid). “O trabalho ajuda a prevenir, inibir e interromper o ciclo de violência. Apenas em 2021, ele realizou aproximadamente 23 mil visitas familiares. A PMDF também busca apoiar e encorajar as vítimas de violência doméstica no registro da ocorrência”, finaliza a SSP.

Vítimas também podem procurar a Polícia Civil por meio das delegacias especiais de atendimento à mulher (Deam 1 e 2), registrar boletins de ocorrência sem sair de casa, por meio da Maria da Penha Online, ou entrar em contato com o disque denúncia da PCDF, pelo telefone 197 opção 0.

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