Nessa conferência de imprensa, o presidente da CEP, dom José Ornelas, descartou a indenização das vítimas por parte da Igreja, à semelhança do que já foi feito em outros países

  • "Mantemos o firme compromisso de assumir nossas responsabilidades e colocar à disposição das vítimas toda a ajuda necessária para seu acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico, e outras formas de indenização pelo crime cometido", afirmou a Conferência Episcopal Portuguesa em comunicado após uma assembleia plenária em Fátima.

  • A Igreja portuguesa está “num ponto sem volta”, que mantém “tolerância zero” em situações de abuso “respeitando a autonomia de cada diocese” e agradeceu o escrutínio público.

A reportagem foi publicada por Religión Digital, 15-03-2023.

Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) assegurou ontem que está disposta a apoiar e indenizar as vítimas de pedofilia na Igreja Católica portuguesa em meio à polêmica gerada pela presença de padres suspeitos que não foram afastados e em meio às dúvidas de que a instituição iria, ou não, pagar uma indenização.

"Mantemos o firme compromisso de assumir nossas responsabilidades e colocar à disposição das vítimas toda a ajuda necessária para o seu acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico, e outras formas de indenização pelo crime cometido", afirmou a CEP em comunicado após sua assembleia plenária realizada em Fátima sobre pedofilia na Igreja portuguesa, que já deixou mais de 4.800 vítimas.

Por outro lado, adiantou que a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) vai receber no final de abril uma lista com suspeitos de terem abusado de menores nas congregações quase dois meses depois da lista que foi enviada às dioceses, o que resultou na suspensão preventiva de 6 padres, enquanto pelo menos 12 padres designados permanecem ativos.

“Quando a lista com os nomes dos supostos abusadores relacionados aos Institutos de Vida Consagrada for entregue à CIRP no final de abril, ela terá o devido acompanhamento pelos Superiores Maiores das congregações”, disseram os bispos no comunicado.

Fontes da CEP adiantaram à Religión Digital que a lista está a ser elaborada pela mesma comissão de peritos que investigou a dimensão da pedofilia na Igreja portuguesa nos últimos 70 anos e entregou, há 11 dias à Conferência Episcopal nas dioceses, um documento com nomes de suspeitos.

No comunicado, a CEP “reconheceu o trabalho realizado” pelos bispos “em relação aos suspeitos de abuso (na última semana), sobretudo na identificação de situações que ainda não foram esclarecidas” e explicou que “há contatos iniciais" para a criação de um grupo responsável pelo acolhimento e acompanhamento das vítimas, entidade que terá autonomia.

Um ponto sem volta

Da mesma forma, estão revisando as diretrizes existentes sobre o abuso de menores e adultos vulneráveis ​​e irão reorganizar as Comissões Diocesanas de Proteção a esses grupos.

Assegurou que a Igreja portuguesa está “num ponto sem volta”, que mantém “tolerância zero” em situações de abuso “respeitando a autonomia de cada diocese” e agradeceu o “escrutínio público”.

Em 3 de março, a CEP informou que estava deixando cada diocese decidir se deveria ou não destituir padres ativos suspeitos, o que fez com que apenas algumas dioceses, e outras todas, removessem preventivamente de suas funções os padres mencionados.

Controvérsia entre governo e Igreja

Nessa conferência de imprensa, o presidente da CEP, dom José Ornelas, descartou a indenização das vítimas por parte da Igreja, à semelhança do que já foi feito em outros países: “Se alguém agiu mal, esse alguém é o responsável”.

Em reação, o presidente de PortugalMarcelo Rebelo de Sousa, afirmou que esta postura tem causado “desilusão” e que os supostos padres devem ser afastados o mais rápido possível para evitar mais vítimas.

Para Rebelo de Sousa, católico praticante, a primeira medida é “não demorar mais” e “assumir toda a responsabilidade”, “tomar medidas preventivas, o que significa afastar do exercício das funções ou responsabilidades pastorais aqueles que devam ser afastados por estas medidas e mostrar a vontade de reparar as vítimas".

Segundo especialistas, a maioria das vítimas sofreu abusos quando tinha entre 10 e 14 anos, 77% de seus agressores eram padres e cerca de 100 padres mencionados no relatório ainda estão em atividade em Portugal.

Na maioria dos casos, os agressores morreram ou os processos prescreveram para a Justiça portuguesa.

Leia mais

fonte: https://www.ihu.unisinos.br/627003-bispos-portugueses-recuam-e-darao-toda-a-ajuda-necessaria-as-vitimas-mas-nao-esclarecem-se-pagarao-indenizacoes


Receba Notícias

logo ulf4

Aborto Legal

aborto legal capa

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Cfemea Perfil Parlamentar

logo ulf4

Tecelãs do Cuidado - Cfemea 2021

Violência contra as mulheres em dados

Rita de Cássia Leal Fonseca dos Santos

Ministério do Planejamento
CLIQUE PARA RECEBER O LIVRO (PDF)

marcha das margaridas agosto 2023

Estudo: Elas que Lutam

CLIQUE PARA BAIXAR

ELAS QUE LUTAM - As mulheres e a sustentação da vida na pandemia é um estudo inicial
sobre as ações de solidariedade e cuidado lideradas pelas mulheres durante esta longa pandemia.

legalizar aborto

Artigos do Cfemea

Congresso: feministas mapeiam o conservadorismo

Pesquisa aponta: só mobilização pode superar conservadorismo do Congresso. Lá, 40% alinham-se ao “panico moral”; 57% evitam discutir aborto; 20% são contra atendimento às vítimas e apenas um em cada cinco defende valores progressistas

Eleições: O “feminismo” de fundamentalistas e oligarcas

Candidaturas femininas crescem no país, até em partidos conservadores. Se o atributo de gênero perde marcas pejorativas, desponta a tentativa de passar ao eleitorado uma receita morna de “defesa das mulheres” – bem ao gosto do patriarcado

A pandemia, o cuidado, o que foi e o que será

Os afetos e o cuidar de si e dos outros não são lugar de submissão das mulheres, mas chave para novas lutas e processos emancipatórios. Diante do horror bolsonarista, sangue frio e coração quente são essenciais para enfrentar incertezas, ...

Como foi viver uma Campanha Eleitoral

ataques internet ilustracao stephanie polloNessa fase de campanha eleitoral, vale a pena ler de novo o artigo que Iáris Cortês escreveu uns anos atrás sobre nossa participação em um processo eleitoral

Dezesseis anos da Lei 11.340, de 07/08/2006, Lei Maria da Penha adolescente relembrando sua gestação, parto e criação

violencia contra mulherNossa Lei Maria da Penha, está no auge de sua adolescência e, se hoje é capaz de decidir muitas coisas sobre si mesma, não deve nunca esquecer o esforço de suas antepassadas para que chegasse a este marco.

Como o voto feminino pode derrubar Bolsonaro

eleicoes feminismo ilustracao Thiago Fagundes Agencia CamaraPesquisas mostram: maioria das mulheres rechaça a masculinidade agressiva do presidente. Já não o veem como antissistema. Querem respostas concretas para a crise. Saúde e avanço da fome são suas principais preocupações. Serão decisivas em outubro. (Ilustração ...

Direito ao aborto: “A mulher não é um hospedeiro”

feministas foto jornal da uspNa contramão da América do Sul, onde as mulheres avançam no direito ao próprio corpo, sociedade brasileira parece paralisada. Enquanto isso, proliferam projetos retrógrados no Congresso e ações criminosas do governo federal

As mulheres negras diante das violências do patriarcado

mulheres negras1Elas concentram as tarefas de cuidados e são as principais vítimas de agressões e feminicídios. Seus filhos morrem de violência policial. Mas, através do feminismo, apostam: organizando podemos desorganizar a ordem vigente

Balanço da ação feminista em tempos de pandemia

feminismo2Ativistas relatam: pandemia exigiu reorganização política. Mas, apesar do isolamento, redes solidárias foram construídas – e o autocuidado tornou-se essencial. Agora, novo embate: defender o direito das mulheres nas eleições de 2022

Sobre meninas, violência e o direito ao aborto

CriancaNaoEMae DivulgacaoProjetemosO mesmo Estado que punir e prendeu com rapidez a adolescente de João Pessoa fechou os olhos para as violências que ela sofreu ao longo dos anos; e, ao não permitir que realizasse um aborto, obrigou-a a ser mãe aos 10 anos

nosso voto2

...