Quase lá: De clandestino à TV: como futebol feminino conquistou espaço no Brasil

Governo Vargas proibiu futebol para as mulheres. Hoje, com três gols de Ary Borges, Brasil goleia o Panamá na estreia da Copa do Mundo. 4x0

 

 
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frança, jamaica, copa do mundo, futebol feminino© Reuters/Carl Recine/Direitos Reservados

 

Publicado em 24/07/2023 - 08:13 Por Fabiana Sampaio - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro

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A cobertura da Copa do Mundo de Futebol Feminino promete ser a maior da história no país. Todos os jogos da Seleção Brasileira serão exibidos na TV aberta. Com as transmissões na TV por assinatura e na internet, será possível acompanhar as 64 partidas da competição. Criada pela FIFA em 1991, a Copa do Mundo de Futebol Feminino chega à sua nona edição. Mas será apenas a terceira vez que haverá partidas televisionadas ao vivo no Brasil.

Por que somente no século XXI, em um esporte que existe há 160 anos, a categoria das mulheres conseguiu alcançar esse patamar de visibilidade? Autora de uma tese de doutorado que buscou entender o apagamento da prática futebolística pelas mulheres ao longo dos anos, a pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nathália Pessanha, observa que - durante quase quatro décadas - elas foram legalmente impedidas de praticar o esporte no Brasil.

A proibição constava no decreto que criou o Conselho Nacional dos Desportos, assinado em 1941 pelo então presidente Getúlio Vargas, e que só foi revogado em 1979.

O futebol jogado por mulheres cresceu como prática esportiva no fim da década de 1930, com a formação de times com trabalhadoras, principalmente nos subúrbios carioca e paulista. Na época, surgiram discursos que visavam proibir sua prática. Em sua tese, Nathália defende que os objetivos da proibição iam além do futebol em si.

Decreto de Vargas

Discursos de diferentes áreas vinham para fortalecer a ideia de que a mulher não era apta a jogar futebol, refletindo também uma tendência de outros países como Alemanha e Inglaterra. O comprometimento da “feminilidade” da mulher era outra preocupação, afirma. O decreto do governo Vargas estabelecia que as mulheres não poderiam praticar esportes não associados à sua natureza.  

Mesmo com a proibição oficial e a consequente falta de investimentos, brasileiras continuavam encontrando formas de praticar o esporte. O futebol das mulheres também respirava fora do país, com a realização do que Nathália chamou de copas clandestinas, que o Brasil não participou, apesar de convidado. Foram duas edições, na Itália em 1970, e no México, em 1971, que não tinham a chancela da FIFA.

O esforço empregado durante anos para que mulheres não jogassem futebol tem efeitos simbólicos e práticos. O simbólico é o que deixou fixado na mente de tanta gente que o futebol não é um esporte que deva ser praticado e apreciado por mulheres.

No lado prático, Nathália cita os impactos também visíveis que diferenciam o desenvolvimento do futebol praticado por homens e mulheres.

As marcas das diferenças de tratamento também estão nos espaços de memória, como nas paredes do Museu da FIFA, na Suíça, que a pesquisadora visitou durante o seu levantamento. Enquanto para as Copas masculinas há estandes para cada uma das edições, para as mulheres, cada estande abriga apenas dois mundiais protagonizados por elas.

Edição: Kleber Sampaio

fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2023-07/de-clandestino-tv-como-futebol-feminino-conquistou-espaco-no-brasil

Copa do Mundo Feminina: 4 recordes em que as mulheres superam os homens

Jogadora Formiga mostrando sete dedos

GETTY IMAGES

Formiga já disputou sete Copas do Mundo, um recorde entre homens e mulheres

 

Embora tenham surgido há relativamente pouco tempo — a primeira foi realizada em 1991 na China — as copas do mundo de futebol feminino se tornaram um evento global.

E através dos torneios, muitas futebolistas alcançaram recordes que entraram para a história do esporte.

O domínio dos Estados Unidos (com quatro títulos mundiais), o desempenho forte das seleções asiáticas (o Japão foi campeão e vice; a China foi vice em 1999) e a eficácia europeia (liderada pelos países nórdicos e pelo Reino Unido), tornaram-se aspectos marcantes deste torneio.

As comparações com o mundial masculino são inevitáveis, e em muitos aspectos o torneio feminino tem sido tão ou até mais épico que o masculino. Craques como Marta, Nadine Angerer ou Formiga superaram os recordes de jogadores masculinos.

A seguir, confira quatro recordes das mulheres em Copas do mundo de futebol.

 

1. Total de 17 gol em Copas… por enquanto

Marta

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Marta é a maior artilheira da história das Copas do Mundo de futebol

 

A brasileira Marta Vieira Silva é uma lenda do futebol.

Por vários motivos: ela foi eleita por seis anos a melhor jogadora do planeta pela Fifa, é a artilheira da seleção e já participou de cinco Copas do Mundo.

Mas talvez seu maior feito é que marcou 17 gols em Copas do Mundo, um recorde que nenhum outro jogador de futebol — homem ou mulher — alcançou.

Alagoana de Dois Riachos, Marta supera jogadores como o alemão Miroslav Klose, que marcou 16 gols nas quatro Copas do Mundo que disputou.

Quando o assunto é futebol brasileiro, ela também supera Ronaldo, que conseguiu fazer 15 gols nas quatro Copas do Mundo em que entrou em campo.

Outra marca de Marta é a de ter sido a primeira futebolista a marcar em cinco Mundiais diferentes — recorde que foi igualado por Cristiano Ronaldo no Mundial do Catar, em 2022.

Marta é parte da seleção que participará da Copa do Mundo na Austrália e Nova Zelândia, onde poderá ampliar ainda mais esse recorde.

2. As sete Copas de Formiga

Formiga disputando bola em partida

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Formiga ainda joga futebol, mas não estará na Copa da Austrália e Nova Zelândia

 
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Talvez o nome Miraildes Maciel Mota não diga muito... mas o apelido Formiga é reconhecido internacionalmente.

A brasileira de 45 anos ainda joga pelo São Paulo. Ela conquistou vários recordes: é a jogadora mais velha a marcar em uma Copa do Mundo (tinha 37 anos quando o fez) e a mais velha a participar de uma Copa do Mundo (41 anos na França 2019).

Mas Formiga detém outro recorde incrível: disputou sete Copas do Mundo, o que nenhum jogador do planeta conseguiu até agora.

Esteve na Suécia 1995, EUA 1999 e 2003, China 2007, Alemanha 2011, Canadá 2015 e França 2019.

Atrás dela estão a alemã Birgit Prinz e a americana Kristine Lilly, com cinco Copas cada.

No entanto, a americana Lilly é recordista em número de partidas disputadas em Copa do Mundo: ela jogou um total de 30 partidas, contra 27 de Formiga e 25 do alemão Lothar Matthäus.

No torneio masculino, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Lothar Matthäus, Antonio Carbajal, Rafa Márquez e Andrés Guardado fizeram cinco participações em Copas do Mundo.

Embora Formiga não tenha sido convocada para a Copa da Austrália e da Nova Zelândia, seu recorde provavelmente vai demorar para ser batido.

3. A maior goleada: 13 a 0

Megan Rapinoe

RICHARD HEATHCOTE

Megan Rapinoe é uma das maiores estrelas do futebol feminino
 

Na manhã de 11 de junho de 2019, as jogadoras da seleção tailandesa estavam ansiosas: elas iriam disputar sua segunda Copa do Mundo da história e o primeiro rival nessa nova aventura era o todo-poderoso Estados Unidos.

O que as tailandesas talvez não imaginassem era o resultado final: derrota por 13 a 0. Foi a maior vitória da história do torneio.

E também o maior saldo de gols em todas as Copas do Mundo.

Marcaram gols: Alex Morgan cinco vezes, Samantha Mewis e Rosel Lavelle duas vezes cada, e Megan Rapinoe, Lindsey Horan, Mallory Pugh e Carli Lloyd.

Essa vitória já superou outro recorde das mulheres: o 11 a 0 que a Alemanha aplicou na Argentina na Copa do Mundo de 2007 na China.

Entre os homens, os recordes são 10 a 1 da Hungria em El Salvador na Copa do Mundo de 1982 na Espanha e o 9 a 0 que a Iugoslávia aplicou no Zaire (atual República Democrática do Congo) na Alemanha em 1974.

4. Sem tomar gols… em toda a Copa

Nadine Angerer prestes a defender o pênalti de Marta na final da Copa do Mundo de 2007 na China.

GETTY IMAGES

Nadine Angerer prestes a defender o pênalti de Marta na final da Copa do Mundo de 2007 na China

 

Ouve-se muito no futebol que a melhor defesa é um bom ataque. Mas defesas sólidas, que não tomam gols, também são parte importante do jogo.

Na história dos campeonatos mundiais masculinos, nenhuma seleção que se sagrou campeã conseguiu ficar sem sofrer gols ao longo da competição.

Os melhores números nesse quesito são os da França em 1998, da Itália em 2006 e da Espanha em 2010 — cujas seleções sofreram apenas dois gols nas Copas que acabaram vencendo.

No entanto, entre as mulheres há uma seleção que se sagrou campeã mundial de futebol sem sofrer um único gol: a Alemanha, na China 2007.

Isso teve muito a ver com a goleira do time, Nadine Angerer, que curiosamente conquistou a posição graças a uma lesão da goleira titular, poucos dias antes do início do torneio.

Angerer conseguiu evitar que a invencibilidade da Alemanha fosse quebrada e ainda defendeu um pênalti de Marta na final, que determinou a vitória das alemãs.

E confira o quiz preparado pela BBC para testar seus conhecimentos sobre o torneio.

fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c881kmjp99ro

 


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