Ruas de Brasília foram ocupadas pela III Marcha das Mulheres Indígenas na última quarta-feira, 13 de setembro

Por Claudia Correia, da ANF

Na última quarta-feira, 13, as ruas de Brasília, na direção na Esplanada dos Ministérios, foram ocupadas com cerca de 5 mil mulheres Indígenas, que participaram do ato juntamente com as Ministras dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara e da Mulher Cida Gonçalves.

O ato contou com a participação da Coordenadora Executiva  da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade- Anmiga Braulina Baniwa, além de parlamentares como as deputadas federais Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Érica Kokay (PT-DF) e a Presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas -Funai Joênia Wapichana.

Crédito: Claudia Correia

Grupos de lideranças, caciques, jovens, servidores da Defensoria Pública da União-DPU e representantes de entidades indígenas e indigenistas marcaram presença no ato. Centenas de etnias foram representadas em delegações de todos os estados, como os Guarani, Xerente, Kayapó, Ticuna, Karajá, Gavião, Pataxó, Kiriri, Kraô, Guajajara, Xavante, Pataxó Hã Hã Hãe, Tuxá e Kainkang. 

“Há dois anos estávamos aqui e o Congresso Nacional recebeu as mulheres com bala de borracha e spray de pimenta, abra as portas porque agora nós temos a bancada do cocar, o Congresso Nacional está atrasado, Brasil atrasou demais. O nosso Ministério dos Povos Indígenas que demorou duzentos anos para ter a primeira mulher indígena, mas, nós sempre sustentamos os mistérios da terra.”, discursou Célia Xakriabá durante o trajeto da marcha, próximo ao Congresso Nacional. Ela denunciou a atuação de parlamentares que distribuem tratores em suas bases eleitorais e que votam a favor do Marco Temporal (PL 490) e contra os direitos indígenas. 

Crédito: Claudia Correia

A Presidenta da Funai, Joênia Wapichana, destacou a importância de dar sustentação ao órgão e a nova política indigenista do governo federal através da participação ativa das comunidades indígenas, que reivindicam direitos territoriais e políticas públicas. Chamou atenção para o fortalecimento da organização das mulheres indígenas e a responsabilidade de todas para exigir a preservação dos biomas, a demarcação das terras e o acesso às políticas públicas. 

Um dois eixos debatidos durante as plenárias da marcha foi a representatividade política das mulheres indígenas, tema retomado nos discursos durante o percurso nas ruas, no carro de som.   “Nossa marcha tem de voltar para casa com esse pacto entre nós para nas próximas eleições termos mulheres indígenas parlamentares, nos nossos estados para termos mais deputadas federais aqui no Congresso Nacional”, afirmou a Ministra Sônia Guajajara.

Crédito: Claudia Correia

Nádia Tupinambá, liderança baiana, denunciou o descaso do governo federal anterior com as demandas dos povos indígenas, como a crise sanitária que abate os Yanomammi, atendidos recentemente pelo MPI. “Espero que esse momento além de ser um marco, a gente possa conseguir políticas públicas, atenção, saúde indígena específica, garantir nossas parteiras, rezadeiras, nossos rituais nos momentos de cura, isso sim é ancestralidade. As mulheres indígenas sofrem violência e nem são contadas”, declarou.  

Violências 

Nas faixas, cartazes, palavras de ordem e discursos das lideranças as denúncias sobre as diversas formas de violência contra as mulheres indígenas predominaram. 

A luta contra o marco temporal, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal – STF, a imediata demarcação das terras indígenas, a expulsão de invasores e garimpeiros dos territórios indígenas, mais investimentos para a educação e saúde indígenas e a apuração dos crimes de estupro e feminicídios foram algumas das demandas expressas nos depoimentos durante a marcha. 

Crédito: Claudia Correia

A Ministra Sônia Guajajara lembrou durante o ato,  da pressão sofrida pela deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) por parte de parlamentares no Congresso que pedem a cassação de seu mandato.Na segunda-feira (11) a deputada protocolou o Projeto de Lei 4381/2023 que combate a violência contra as mulheres indígenas como as agressões de ordem física, psicológica, patrimonial, moral e política. O PL prevê um atendimento especializado às vítimas e uma rede de apoio multidisciplinar, além de medidas protetivas.

Durante as Mesas de debates realizadas na última terça-feira (12) foram apresentadas denúncias de violência sexual contra adolescentes e mulheres indígenas, principalmente em áreas no Norte do pais, ocupadas ilegalmente por garimpeiros, além de racismo nas escolas, contaminação por produtos agrotóxicos e falta de investimento na saúde da mulher indígena para assistência pré natal com respeito às tradições culturais de cada povo. 

Para encerrar a programação, o documento final da marcha contendo reivindicações foi entregue aos ministros e parlamentares que foram no Complexo Cultural da Funarte, onde foi instalado o acampamento das mulheres.

Crédito: Claudia Correia

Fonte: https://www.anf.org.br/mulheres-biomas-em-defesa-da-biodiversidade-pelas-raizes-ancestrais/ 


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