Provavelmente, você não pensa em outra coisa a não ser nas eleições de domingo. A gente também não. E entre as dezenas de coisas que estão em jogo, como a democracia, não tem como esquecermos nossos direitos.
Tem muita gente fingindo que gênero é pauta secundária. Mas a gente aqui n’AzMina sabe muito bem que esse discurso só serve para nos manter fora da política. E que as mulheres podem definir o rumo dessa eleição.
E, vejam só, hoje é Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização do Aborto, e não dá pra falar de eleições sem mencionar como nossos úteros e o direito ao mínimo estão em constante ataque.
O aborto é proibido no Brasil, exceto em três situações: gestação fruto de estupro, risco de morte para a mulher e anencefalia do feto. Escolher se queremos ou não ter uma gravidez em um determinado momento das nossas vidas? Isso não é uma opção. E pior: esse pequeno direito que temos quando somos violadas, ou estamos em risco, vive sob ataque do nosso governo. Por isso, neste domingo, é preciso lembrar que é urgente elegermos candidatas e candidatos que se comprometam com os nossos direitos sexuais e reprodutivos e, principalmente, com nosso direito de decidir sobre nossos corpos.
2022 nos mostrou que não podemos relaxar um segundo nesta luta. Uma criança de 11 anos foi estuprada e induzida pela juíza que acompanhava o caso a manter a gravidez, quando deveria ser amparada pela justiça e ter seu direito ao aborto legal garantido. A Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a garantia nacional de direito ao aborto legal no país. Nosso Congresso trabalhou incessantemente pra tentar tirar o direito ao aborto legal das meninas e mulheres brasileiras. E, como a gente mostrou em várias reportagens, o presidente Bolsonaro e seu governo atacaram, ao longo dos últimos quatro anos, não só os direitos reprodutivos das mulheres, mas muitos outros.
AzMina atua pela descriminalização do aborto há sete anos. Com muita informação e acolhimento, nossas reportagens e campanhas pautam o aborto durante todo o ano, porque falar de aborto não é tabu. Muito pelo contrário, salva vidas de meninas e mulheres e faz parte da mudança que queremos ver na sociedade e na política brasileiras.
Só na última semana, publicamos três reportagens sobre o tema. Em uma investigação de meses, descobrimos que 90% dos abortos atendidos pelo SUS são feitos com procedimento ultrapassado.
O Elas no Congresso, nosso observatório dos direitos das mulheres na Câmara dos Deputados e no Senado, relevou que 55 projetos de lei sobre aborto foram propostos de 2019 a 2022. A maioria deles buscava acabar com o aborto legal ou dificultar o acesso a ele, evidenciando que um Legislativo conservador é a porta para atrasos na legislação e uma cruzada contra os nossos direitos. Está tudo em nosso site.
Ficar de braços cruzados vendo o conservadorismo avançar em diversas instâncias não é uma opção. Seu voto pode ajudar a mudar isso.
AzMina não tem medo de se posicionar quando necessário, nunca teve. Sabemos que o nosso jornalismo tem lado: o das mulheres. Nunca tivemos vergonha de dizer que fazemos jornalismo feminista. Também não temos medo de dizer que Bolsonaro tem sido uma ameaça para os nossos direitos, assim como boa parte do atual Congresso.
Independentemente do resultado das eleições, AzMina vai seguir produzindo conteúdo sobre aborto, monitorando a atuação dos políticos e denunciando retrocessos. A gente sabe que quando se trata dos direitos das mulheres, não podemos nunca relaxar, porque quem está contra nós não para.
Se tem pouca gente produzindo conteúdo sobre descriminalização do aborto, imagine financiando um tema que é quase proibido no Brasil. Já fomos atacadas e perseguidas, inclusive judicialmente, por fazer isso. Mas só continuamos nesta luta porque temos apoio de nossa comunidade de leitoras e leitores, que reconhecem a importância de defender nossos direitos sexuais e reprodutivos e contribuem com doações para que esse trabalho continue. Além de votar em quem está do nosso lado, se puder, faça uma doação de qualquer valor hoje. Dá pra ajudar com menos de R$ 1 por dia.
|
|
LEIA TAMBÉM EM AZMINA:
Mulheres negras e indígenas resistem à violência política no estado mais branco do Brasil
Com 81,5% de pessoas autodeclaradas brancas, Santa Catarina teve sua primeira e única deputada estadual negra em 1934
Fernanda Pessoa, do Portal Catarinas
Como a violência política de gênero acontece na prática
Nathalia Cariatti
fonte: https://azmina.com.br/