Quase lá: Metade dos brasileiros conhece ao menos uma mulher que sofre violência doméstica; denunciar à polícia ou terminar a relação são os principais conselhos à vítima

Metade dos brasileiros conhece ao menos uma mulher que sofre violência doméstica; denunciar à polícia ou terminar a relação são os principais conselhos à vítima

capa_agência
 
 

Agência Parícia Galvão - 17 de novembro, 2022

A violência doméstica praticada contra mulheres é uma realidade que está muito próxima das vivências da população brasileira. Entre as mulheres, são 60% as que conhecem ao menos uma vítima e 36% declararam já terem elas próprias sofrido alguma forma de violência doméstica, sendo a violência psicológica e a violência física as formas mais relatadas; uma em cada dez declara ter sofrido violência sexual. A principal reação da maioria dessas mulheres foi terminar o relacionamento.

É o que mostra a pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio do Instituto Beja, que aponta também que uma ampla maioria dos brasileiros considera que as pessoas devem dar apoio/denunciar ao perceberem que uma mulher está sofrendo violência.

Apoio da família e de amigos é considerado por 58% como o principal fator para que essas mulheres saiam da relação violenta. Parcela significativa menciona ainda o apoio do Estado, seja da polícia ou justiça para se protegerem do agressor (53%), ou de assistência social e psicológica (48%).

 

Acesse na íntegra o relatório da pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil (Instituto Patrícia Galvão/Ipec realizada com apoio do Instituto Beja, novembro/2022).

População reconhece importância das políticas públicas e aprova ampliação dos serviços especializados e qualificação do atendimento às mulheres

Para 90% dos entrevistados, se houvesse apoio do Estado, as mulheres em situação de violência doméstica se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta e, para 85%, os homens que praticam violência doméstica sabem que isso é um crime, mas acreditam que não serão punidos.

A pesquisa revela também uma ampla aprovação sobre diversas medidas para melhorar o atendimento às mulheres em situação de violência doméstica:

Na percepção da maioria absoluta da população, é preciso aumentar o número de serviços públicos de assistência e acolhimento para mulheres em situação de violência, para possibilitar que as vítimas em cidades pequenas e médias também tenham acesso a atendimento em serviços especializados, como Delegacias da Mulher e unidades da Casa da Mulher Brasileira.

Ampla aprovação para campanhas de conscientização e debates nas escolas

É também muito ampla a aprovação para a realização de campanhas para estimular as denúncias (97%) e para sensibilizar homens e mulheres contra a violência doméstica (96%), assim como para a promoção de debates em escolas para educar meninos e meninas para relações de igualdade e respeito (96%).

Em relação aos agressores, 95% consideram que é preciso aumentar as penas para o crime de violência doméstica e 89%, que se deve obrigar os homens denunciados a frequentar programas de reeducação para que não voltem a praticar esse tipo de violência.

Veja a seguir outros destaques da pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica (Instituto Patrícia Galvão/Ipec):

Entre os que conhecem pessoalmente uma mulher que sofreu agressão, a principal reação de 63% das mulheres e 50% dos homens foi a de falar com a vítima. Conversar com o agressor foi mais frequente entre os homens (24%) do que entre as mulheres (13%).

Denunciar à polícia ou terminar a relação foram os principais conselhos para as vítimas

Mais mulheres (55%) do que homens (47%) aconselharam as vítimas de agressão a denunciarem à polícia. Elas também superam os homens na indicação de ajuda especializada com psicólogos, assistentes sociais, centros de referência ou advogados. Em contrapartida, é mais acentuada entre os homens a recomendação para que a mulher agredida fizesse as pazes com o parceiro.

 

Mudança de comportamento e término da relação foram os principais conselhos aos agressores

A recomendação para que o homem buscasse ajuda especializada aparece em terceiro lugar (34%), enquanto 13% aconselharam que o agressor pedisse desculpas e fizesse as pazes com a mulher.

Delegacia e amigos/familiares foram as principais ajudas buscadas pelas mulheres agredidas

Entre os que conhecem pessoalmente uma mulher que sofreu violência doméstica, 45% acreditam que elas procuraram algum tipo de ajuda e apontaram que a mulher agredida procurou uma Delegacia de Polícia (42%) ou uma Delegacia da Mulher (39%), enquanto para 31% essa mulher buscou o apoio de amigos e familiares.

66% consideram a Delegacia da Mulher como primeiro recurso que a vítima de violência doméstica deve buscar

 

36% das mulheres entrevistadas já sofreram algum tipo de violência doméstica

Violência psicológica (27%) e violência física (17%) são as mais apontadas. Mulheres negras relatam mais do que as brancas haverem sofrido violência física e violência psicológica. E uma em cada dez mulheres entrevistadas declarou já ter sofrido violência sexual praticada pelo parceiro (atual ou ex).

 

Quase a totalidade das mulheres vítimas de violência doméstica tomou alguma atitude, sendo a principal reação terminar o relacionamento (55%)

Sofrer e praticar violência doméstica não são equivalentes

A maioria absoluta dos homens (94%) afirma não ter praticado nenhum tipo de violência contra sua esposa, companheira ou namorada (atual ou ex).

Embora o número de homens (27%) que declaram já ter praticado alguma forma de violência contra a parceira seja muito pequeno para uma análise estatística, é possível fazer uma análise indicativa a partir das respostas sobre as reações da mulher após ter sido agredida. A maioria dos homens que admitem alguma forma de violência contra a parceira, esposa, companheira ou namorada afirma ter resolvido a situação na conversa (66%); 30% afirmaram que elas revidaram a agressão e 17%, que elas terminaram o relacionamento.

Percepções sobre violência doméstica: apoio e encaminhamento

Para a maioria da população (53%), as mulheres não conseguem sair de uma relação violenta por dependerem financeiramente do agressor; 43% acreditam que é em razão do medo de serem mortas e 42% têm  medo de perder a guarda dos filhos.

O acolhimento da família e de amigos é o apoio mais considerado para que essas mulheres saiam de uma relação violenta

Parcela significativa menciona ainda o apoio do Estado, seja da polícia ou justiça, para se protegerem do agressor, ou de assistência social e psicológica.

Percepções sobre apoio do Estado às vítimas e responsabilização dos agressores

Ampla maioria (93%) acredita que as pessoas devem dar apoio/denunciar ao perceberem que uma mulher está sendo ameaçada. Para 90%, se houvesse apoio do Estado as mulheres em situação de violência doméstica se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta e, para 85%, os homens que praticam violência doméstica sabem que isso é um crime, mas acreditam que não serão punidos.

Para 72% dos entrevistados, muitos policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica. Para 69%, a Justiça trata esse tipo de violência como um assunto pouco importante

A percepção de que muitos policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica é mais acentuada entre as mulheres (78%), enquanto a discordância da afirmação é maior entre os homens (26%).

A pesquisa mostra que a população brasileira reconhece a importância do apoio de amigos e familiares e o papel das políticas públicas – seja da polícia ou justiça para se protegerem do agressor ou de assistência social e psicológica para se sentirem mais seguras para denunciar e reconstruir suas vidas.

Entre as mulheres que pessoalmente sofreram alguma forma de violência doméstica, o empoderamento econômico e o fortalecimento da autoestima são fatores considerados importantes para que consigam sair da relação violenta.

A opinião unânime dos brasileiros – e é importante destacar que não há diferença significativa entre as respostas das mulheres e homens entrevistados – é de que é preciso aumentar o número e a qualidade dos serviços de atendimento às mulheres.
Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão

Acesse na íntegra o relatório da pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil (Instituto Patrícia Galvão/Ipec realizada com apoio do Instituto Beja, novembro/2022).

Sobre a pesquisa

A pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil foi realizada pelo Ipec e Instituto Patrícia Galvão, com apoio do Instituto Beja. Foram entrevistadas por telefone 1.200 pessoas (800 mulheres e 400 homens), com 18 anos ou mais, entre 14 e 24 de outubro de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Objetivo: Compreender as percepções e experiências da população brasileira com acesso a um telefone sobre violência doméstica contra a mulher, redes de apoio, canais de denúncia e os serviços e programas de atendimento às vítimas.

Especificações técnicas:

Metodologia: Entrevistas telefônicas.

Abrangência: Pesquisa realizada em todo o território nacional.

Universo: População brasileira com 18 anos ou mais com acesso a telefone fixo ou celular.

Período de campo: 14 a 24 de outubro de 2022.

Amostra: Foram realizadas 1.200 entrevistas distribuídas, sendo 800 com mulheres e 400 com homens. Trata-se de uma amostra desproporcional que ao final foi ponderada.

Margem de erro: Com nível de confiança estimado em 95%, a margem de erro máxima é de 3 (três) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.

Ponderação: Por se tratar de uma amostra desproporcional ao universo estudado houve necessidade de ponderar os resultados.

Observação: As perguntas cujas somas das porcentagens não totalizam 100% são decorrentes de arredondamentos ou de múltiplas escolhas.

Diferenças entre mulheres x homens: Consideram a margem de erro do total da amostra e o intervalo de confiança e são destacadas quando existe uma diferença de ao menos 7 pontos percentuais entre os resultados desses públicos.

Contatos

  • Eliane Barros – Instituto Patrícia Galvão (11) 94481-9443 | Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

fonte: https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencia-domestica/metade-dos-brasileiros-conhece-ao-menos-uma-mulher-que-sofre-violencia-domestica-denunciar-a-policia-ou-terminar-a-relacao-sao-os-principais-conselhos-a-vitima/


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...