A escritora Carolina Maria de Jesus e a antropóloga Lélia Gonzalez ganham esculturas assinadas por Léo Santana
Belo Horizonte vai ganhar, em breve, as primeiras estátuas de mulheres negras. As personalidades mineiras que terão suas silhuetas eternizadas em meio as ruas e avenidas da capital são da escritora Carolina Maria de Jesus e da antropóloga Lélia Gonzalez. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ainda não noticiou a data e local do evento de lançamento das obras. Os endereços onde as estátuas serão afixadas também não foram repassados.
Entretanto, o que já se sabe é que as estátuas já estão sendo esculpidas pelo artista também mineiro Léo Santana. Segundo o escultor, a expectativa é que as peças fiquem prontas em meados do mês de junho deste ano.
"O bronze será no tom que venho apresentando, com o metal mais a mostra e a oxidação mais suave. Elas serão negas na anatomia. Esse trabalho é uma realização na minha carreira.Retratar mulheres, da área da cultura e pretas, é muito importante. Precisamos trazer potenciais esquecidos a evidência", destacou o artista.
A idealizadora do projeto é a jornalista e pesquisadora das relações raciais e de gênero no Brasil Etiene Martins. As obras estão sendo construídas com o auxílio da emenda parlamentar disponibilizada pela deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL).
Sobre as novas homenageadas
Carolina Maria de Jesus é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. Ela é autora de obras como 'Quarto do despejo: diário de uma favelada'. Mineira, natural de Sacramento, na região do Alto Paranaíba, ela compartilhou a dura realidade de ser uma mulher negra, pobre e periférica. Sua primeira obra vendeu cerca de 3 milhões de livros, em 16 idiomas.
A antropóloga Lélia Gonzalez é considerada a primeira mulher negra a se dedicar aos estudos de raça e gênero no Brasil. A belo-horizontina é responsável por colocar sua intelectualidade a serviço da luta das mulheres no Brasil e revolucionar o movimento negro no país.
Sobre o escultor Léo Santana
O artista tem como característica entalhar em bronze peças de personalidades. Só em Belo Horizonte o escultor modelou, até agora, 16 estátuas. Dentre as esculturas destacam-se: a do escritor Carlos Drummond de Andrade, na Praça Professor Alberto Deodato - na rua Goiás, esquina com a rua da Bahia. E da chefe de cozinha Dona Lucinha, afixada no Mercado Central - entre as ruas Augusto de Lima e Curitiba.