Quase lá: Festival Negritudes celebra a diversidade e a representatividade nas telas

A quarta edição do Festival Negritudes Globo aconteceu nesta quinta-feira (18), no Centro Histórico de Salvador.

UOL, por André Santana

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A quarta edição do Festival Negritudes Globo aconteceu nesta quinta-feira (18), no Centro Histórico de Salvador. Foi a primeira vez que a cidade sediou o evento que reúne figuras importantes do audiovisual para celebrar e debater as narrativas negras, destacando a representatividade e a diversidade no setor.

O festival contou com painéis de debates, apresentação de moda, música e mentoria de projetos, além de oficinas promovidas pela APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro).

Entre os convidados, nomes nacionais e internacionais como o cineasta norte-americano Alrick Brown, que é professor de cinema e TV na Universidade de Nova Iorque, os atores Érico Brás, Jessica Ellen, Amaury Lorenzo e Maria Gal, as apresentadoras Rita Batista e Zileide Silva, além de escritores como Bárbara Carine e Elisa Lucinda.

Nos diversos depoimentos, a importância das referências para inspirar e estimular os projetos pessoais e profissionais de pessoas pretas, comprovando que “representatividade importa”.

“Eu quis ser ator porque eu vi os atores do Bando de Teatro Olodum em cena”, contou o ator Sulivã Bispo, em referência à companhia de teatro negro que revelou talentos nacionais como, as atrizes Edvana Carvalho (Renascer) e Valdineia Soriano (No Rancho Fundo) e os atores Lázaro Ramos e Érico Brás.

“A gente abriu uma nova perspectiva de dramaturgia preta brasileira e a gente abriu portas para muitos atores talentosos”, destacou Érico Brás sobre o grupo responsável por Ó PaÍ, Ó, uma criação da companhia que fez sucessos nos palcos, no cinema e como série de televisão.

Ancestralidade, conexões e futuro

Se a ideia era reverenciar as referências, nada melhor que abrir o festival com os símbolos da cultura negra brasileira, exaltados na Bahia por meio da musicalidade da banda percussiva Olodum e da Orquestra Afro-Sinfônica, sob a regência do maestro Bira Marques.

Pensando no futuro conectado à ancestralidade, o evento iniciou com um encontro de líderes de diferentes religiões para conversar sobre como respeitar e retratar as diferentes culturas, fugindo de estereótipos racistas.

Uma mesa reuniu o pastor evangélico Kléber Lucas; o padre Lázaro Muniz, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho; e Gersonice Azevedo Brandão, a Ekedy Sinha do terreiro da Casa Branca, reconhecido como o primeiro templo sagrado do candomblé do Brasil, localizado em Salvador.

Em entrevista à coluna, Ronald Peçanha, líder do Negritudes Globo, disse que o projeto é o momento de conexão para celebrar o que está sendo feito, além de resgatar as histórias do passado e pensar também no futuro. “Falar sobre as histórias negras no audiovisual é falar sobre o quanto a representatividade é importante para mirarmos novas gerações e empoderarmos cada vez mais as pessoas negras”, disse.

Rita Batista e Jessica Ellen dividiram a mesa com líderes religiosos para falar sobre fé e respeito – Imagem: Magali Moraes

Educação e oportunidades

O comunicador AD Junior, que coordenou as mentorias de carreiras durante o Festival, expressou sua satisfação com a evolução do Negritudes. “O prisma deste evento é a partir do olhar de pessoas afrocentradas e suas vivências. Apesar de a diversidade estar presente no Brasil, ela nunca foi colocada como pauta primordial para ser discutida pelas vozes de pessoas pretas”.

Um dos painéis mais aguardados foi “Narrativas Negras: Uma Possibilidade de Infinidades”, mediado pela jornalista Zileide Silva. Ela contou ao UOL sobre a importância das oportunidades que lhe foram dadas por outras mulheres negras.

“Se ela pode, eu também posso, foi assim que pensei. No caso do jornalismo, Glória Maria me abriu essas portas. Se hoje sou referência para as estudantes de jornalismo, é porque tive e tenho minhas referências”, disse a jornalista.

Tia Má, jornalista e humorista, enfatizou a importância da diversidade nos espaços de poder. “Diversidade não é só uma palavra de efeito. Ter pessoas diversas nos espaços é algo poderoso. A representatividade pode definir os lugares que você vai ocupar. Quando você olha para alguém e se enxerga, você entende que pode sonhar e que pode estar ali. Estou feliz em saber que existem pessoas que se sentem representadas com a minha presença, com o meu corpo preto!”

Olodum abriu o Festival Negritudes 2024 – Imagem: Magali Moraes

Gil do Vigor, ex-BBB, deixou um recado sobre educação. “Sempre que você tiver revoltado com a vida, estude. Pois é através dos livros que terão oportunidades”, disse o doutorando em economia na Universidade da Califórnia.

Revelação da teledramaturgia brasileira, o ator Amaury Lorenzo marcou presença no Festival e destacou a importância da diversidade em sua carreira. “Estar aqui hoje, neste evento que celebra a negritude e destaca a pluralidade, contempla muito a minha existência enquanto homem preto não retinto e LGBTQIA+. É hora de nos encontrarmos e apontarmos caminhos para o futuro”, afirmou o ator, que viveu o Ramiro da novela Terra e Paixão, em 2023.

Talentos brasileiros nascidos na Bahia

Mais de 2 mil pessoas lotaram os espaços do evento, que ainda contou com desfile de moda das marcas baianas Mônica Anjos e Meninos Reis, dos irmãos Junior Rocha e Céu Rocha.

A edição do Festival em Salvador proporcionou ainda mais a visibilidade de talentos baianos, que conquistaram destaque nacional, superando as barreiras imposta pelo racismo e pelo preconceito regional. Diversos profissionais negros puderam compartilhar suas histórias e estimular outros sonhos.

Além dos nomes já citados, também estiveram presentes potências baianas como o ator Felipe Velozo (Mar do Sertão), a empreendedora Monique Evelle, a cineasta Viviane Ferreira, os jornalistas Vanderson Nascimento, Tarsilla Alvarindo e Luana Assiz, além do produtor cultural Valmir Pereira, que compartilhou a trajetória da Irmandade da Boa Morte, de Cachoeira, um dos mais importantes símbolos de resistência negra no Recôncavo da Bahia.

No encerramento, a cantora Larissa Luz fez uma colab com o cantor Tatau, ex-Araketu e compositor de grandes sucessos da música brasileira, que foram relembrados para alegria do público presente.

O Festival comprou a importância de criar novos espaços onde a diversidade seja valorizada e a representatividade reconhecida, servindo como inspiração e impulso para futuras gerações.

 

fonte: https://www.geledes.org.br/festival-negritudes-celebra-a-diversidade-e-a-representatividade-nas-telas/


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