Quase lá: Projeto Vestígios de Noiva pede um basta ao feminicídio

Oito mulheres usam vestidos de casamento transformados em obras de arte e provocam um alerta para a violência.

"Em mãos, elas traziam potentes leques coloridos que quando batidos contra o ar, provocavam um som que chamava a atenção de quem passava de carro ou a pé."

Com vestidos de noiva transformados por artistas visuais de Brasília, oito mulheres atravessaram, na manhã desta quinta-feira (19/12), faixas de pedestres e a estação de metrô da Praça do Relógio, no Centro de Taguatinga, em performance-manifesto contra o aumento do feminicídio no Distrito Federal, que bateu o número de 24 mortes em 2024.

“O leque é como se fosse um basta contra tanta violência”, observou a artista visual venezuelana Fabs!, autora do vestido-obra feminista “Contos de Fadas são Contos de Fadas”.

Criadora do vestido-obra “Linhas e Fios Poéticos”, Eliane Teixeira sentiu a força do feminino no grupo de atrizes e modelos. “No primeiro momento, fui capturada pelos sons dos leques que me remetiam aos tambores de um ritual. Só depois, vi as atrizes individualmente numa performance forte, Desejo que a mensagem reverbere no público que viu”.

Durante uma hora e meia, a performance impactou cerca de 5 mil pessoas que entravam e saiam da estação de metrô ou que se deslocavam de automóvel nas vias centrais de Taguatinga.

A reação do público foi da surpresa à comoção. A servidora pública Maria da Glória Guimarães ficou em estado de êxtase. “Estava com a cabeça nas coisas do dia e, de repente, encontro oito noivas chamando a atenção de todas para o perigo que estamos correndo só por sermos mulheres. O feminicídio é nefasto e está à espreita. Precisamos seguir em vigília”.

O motoboy Fábio Alegre ficou fisgado com a performance e confessa que não conseguia tirar o olho do vestido-obra “Baubo”, de autoria de Júlia Gonzales. “Era enigmático porque a noiva te chamava a atenção pela beleza e, de repente, ela suspendia a saía e você ficava diante de uma imagem de uma espécie de bruxa ameaçadora com uma língua enorme que te espantava”. A criação é inspirada na deusa grega Baubo que afasta e debocha de quem ameaça o ventre feminino.

Autora de “Sonhos Atados”, Christiane Contreiras ficou emocionada ao ver seu vestido-obra no corpo de uma mulher trans, a social media e modelo Lunares Aires. A obra cria uma barriga de gravidez com material de ataduras.

Desfilando a própria criação, “Imaginação Bálsamo”, Luara de Paula trouxe um vestido-obra impactante que reproduz feridas e carepas causadas pela violência. “Sentimos na pele o quanto foi forte e necessária essa ação. Infelizmente, ao passarmos pelas faixas de pedestres vimos alguns homens assediando as modelos”.

Com a frase “Quem Ama Não Mata” numa cartolina em punhos, a diretora do projeto, a artista visual, Astaruth Lira, conta que “Vestígios de Noiva” selecionou oito mulheres artistas para transformarem vestidos de noiva usados em obras de arte. “O objetivo foi o de ressignificar esse símbolo máximo do casamento, que traz signos históricos e opressores como o mito da virgindade, a repressão sexual, a violência doméstica e a submissão das mulheres”, explica.

Com concepção e direção do artista visual e ator, Jones Schneider, o desfile-performance teve a participação de Iclélia Maranhão (atriz e arte-educadora com “Os Contos de Fadas São Contos de Fadas”); Márcia Costa (atriz com “Linhas e Fios Poéticos”), Ianca Gomes (social media e influencer digital com “Baubo”), Luara de Paula (artista visual que vestirá a própria obra, “Imaginação Bálsamo”); Lunares Aires (modelo e social media com “Sonhos Atados”), Clara Camarano (atriz com “Euforia do Prazer ou a Alforria do Sexo Original”; Isabela Gomes (social media com “Arriscar”) e Evellyn Rodrigues (modelo com “Hey de Partir”).

As modelos usaram os vestidos-obras “Euforia do Prazer (ou a Alforria do Sexo Original)”, de Suyan de Mattos; “Arriscar”, de Carmen San Thiago; “Baubo”, de Júlia Gonzales; “Hey de Partir”, de Triz de Oliveira Paiva; “Imaginação Bálsamo”, de Luara de Paula; “Linhas e Fios Poéticos”, de Eliane Teixeira; “Os Contos de Fadas São Contos de Fadas”, de Fabs!; e “Sonhos Atados”, de Christiane Contreiras.

A partir de janeiro, as obras estarão expostas na Sala de Exposições do Centro Cultural do Sesi Taguatinga (QNF 24).

“Vestígios de Noiva” tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), apoio do Sesi, do Instituto Cidade Céu de Arte, Educação e Cultura e produção do Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada.

Veja a publicação com imagens no perfil de Instagram: https://www.instagram.com/reel/DDxnrN3P81k/?igsh=MTQ4b3h6OXIxYXFldA== 

Baixe as fotos de Hugo Lira

https://encurtador.com.br/XRohl

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...