Com apoio de cursos da USP de Ribeirão Preto, Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (Naem) conta com equipe multidisciplinar para acolher vítimas
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A violência contra as mulheres é um problema em todo o Brasil, e em Ribeirão Preto não é diferente. Em que pese as ações de proteção à mulher, de janeiro a metade de agosto deste ano, a rede municipal de saúde notificou 154 casos de violência doméstica na cidade, segundo o Relatório de Violência da Secretaria Municipal da Saúde. Além disso, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foram 100 denúncias de estupro até junho, 54 casos só no primeiro trimestre – um recorde desde 2001, quando os números começaram a ser divulgados.
Para acolher tantas vítimas, foi criado o Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (Naem), que integra a Rede Protetiva da Mulher e tem como parceiros o curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e a Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP. A ideia, segundo a fonoaudióloga Maria Patrícia Tedeschi, chefe de seção do serviço, é utilizar uma equipe multidisciplinar para acolher de forma mais humana as vítimas de violência. “Hoje, a rede protetiva é um organismo composto de diversos serviços e entidades que realizam atendimento às mulheres, como saúde, assistência social, segurança pública, justiça, educação e organizações da sociedade civil.”
Essa luta contra a violência na cidade não começou há apenas seis anos, com a criação do Naem, em 2017. A Rede Protetiva da Mulher, que hoje possui suas ramificações, foi criada em 1999, com o intuito de auxiliar vítimas de violência sexual. Como recorda Maria Patrícia, “em meados dos anos 90, com a incidência do aumento de casos de abuso sexual e de doenças sexualmente transmissíveis, alguns estudos começaram a surgir. Em São Paulo, foi formado um comitê para criar os protocolos para atendimento desses casos e serviços de Ribeirão Preto começaram a participar, assim surgindo serviços para os atendimentos. Começou com o Geavidas, hoje em dia tem o Seavidas, que é o serviço que faz o atendimento às vítimas de violência sexual. Por volta dos anos 2000, os serviços foram se reunindo para discussões pertinentes aos atendimentos da mulher, principalmente às vítimas de violência”.
Um trabalho intenso e conjunto
Com tantos casos de violência contra as mulheres registrados em Ribeirão, o Naem tem trabalhado cada vez mais. Para manter todos os parceiros e participantes atualizados, o núcleo se reúne com a Rede Protetiva da Mulher constantemente. “Nos reunimos bimestralmente para alinhar o fluxo de atendimento, ouvir as demandas trazidas pela sociedade e capacitar os membros, para ajudar e amenizar o sofrimento das mulheres que estão nessa situação da violência”, explica Maria Patrícia.
A chefe de seção do Naem destaca a importância desses encontros. Sempre em busca de abordagens mais atuais e humanas com as vítimas, que precisam de alento e acolhimento, a última reunião foi no dia 18 de agosto. “É muito importante, porque vai capacitar o profissional que está lá na ponta, que faz o primeiro contato com a mulher, seja na UBS, numa escola, em um serviço socioassistencial, e identifica a necessidade de um atendimento especializado, para que, assim, a mulher seja encaminhada corretamente e receba o atendimento adequado, evitando demoras, revitimizações e, principalmente, que ela esteja em um ambiente protegido, que ela esteja segura.”
O Naem fica na Rua João Arcadepani Filho, 400, na Nova Ribeirânia. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Para entrar em contato, a vítima não precisa ir até o local, basta ligar (16) 3636-3311 ou (16) 3603-1199. Também é possível fazer a denúncia pelo e-mail
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