O ano de 2023 foi importante no combate à violência contra a mulher no país. Houve uma ligeira redução nos feminicídios, mas o número ainda é assustador.
Por Jornal Nacional
No Brasil, 2023 foi um ano importante no combate à violência contra a mulher. Houve uma redução pequena nos feminicídios, mas o número ainda é assustador: quatro mulheres morrem por dia vítimas deste tipo de crime.
A dentista Tatiana Bardini, de 40 anos, só não foi mais uma vítima de feminicídio porque os vizinhos chamaram a polícia ao perceber que ela estava sendo agredida pelo marido. Depois de deixar o hospital, em Curitiba, ela desabafou nas redes sociais.
“Essa parte foi feita pelos diversos estrangulamentos, mata-leão, três deles... O tanto de cabelo que foi arrancado quando eu fui arrastada. Eu achei que ia morrer”, conta Tatiana.
Segundo as investigações, o dentista Lucas Uetanabaro, de 42 anos, agrediu a mulher dentro de casa durante horas por ciúme. Ele está preso por tentativa de feminicídio.
Feminicídio: 4 mulheres morrem por dia vítimas deste tipo de crime no Brasil — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
“Ela foi agredida por muito tempo. Então, isso leva a crer que ele não queria apenas lesioná-la, mas ele tinha intenção de matá-la. E só não concluiu essa intenção em razão da Polícia Militar ter chegado na hora”, diz a delegada Fernanda Moretzsohn.
As estatísticas de violência contra a mulher no Brasil assustam. Em 2023, a Central de Atendimento à Mulher, do governo federal, recebeu quase 75 mil denúncias de violência pelo 180.
O número de mortes caiu um pouco, mas continua alto. De janeiro a outubro de 2023 foram 1.158 feminicídios, queda de quase 2,5% na comparação com o mesmo período de 2022. O que significa que, em média, quatro mulheres ainda morrem diariamente no país vítimas de feminicídio, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Feminicídios no Brasil — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
As políticas de combate à violência contra a mulher avançaram desde que a Lei Maria da Penha foi criada, segundo especialistas em segurança pública. As vítimas têm proteção garantida por lei, e as redes de acolhimento ganharam mais estrutura com atendimento psicológico e social para que as vítimas saiam da situação de violência. Mas ainda existe um grande desafio: fazer com que mais mulheres procurem ajuda antes que o pior aconteça.
“A maior parte das vítimas de feminicídio sequer tinha um boletim de ocorrência contra o autor. Essas mulheres, muitas vezes, subestimam o risco a que estão expostas. Nós temos as medidas protetivas de urgência, que são o instrumento mais importante efetivo de proteção dessa mulher em situação de violência doméstica”, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023, maior número registrado desde 2019 em série histórica
Brendon Cunha Azevedo, de 26 anos, não aceitava o fim do relacionamento e enviou ameaças por mensagens de texto para a ex-namorada, de 20 anos: "Você despertou um ódio enorme dentro do meu coração. Juro que te mato”.
Brendon agora é procurado pela polícia. Ele é suspeito de tentar matar a jovem e a filha dela, de 4 anos, na terça-feira (2), em Caieiras, na Grande São Paulo. A criança foi atingida de raspão. A mulher levou seis tiros e está internada em estado grave.
“Aquele controle excessivo, ciúme excessivo, ele pode passar a ameaçar a vítima, praticar vias de fato, lesão corporal. Então é uma graduação dessa violência que pode culminar no feminicídio. Então, se a vítima procurar a delegacia logo nesses primeiros sinais, ele pode ser evitado”, diz delegada Fernanda Moretzsohn.
fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/01/05/feminicidio-4-mulheres-morrem-por-dia-vitimas-deste-tipo-de-crime-no-brasil.ghtml