Quase lá: Ministério das Mulheres pede que morte de Julieta Hernández seja reconhecida como feminicídio

Crime contra a artista venezuelana no Brasil foi denunciado pelo MP como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte

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Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Julieta Hernández foi morta no estado do Amazonas, enquanto viajava pelo Brasil de bicicleta em direção à Venezuela - Foto: Julieta Hernández/Facebook

 

O Ministério das Mulheres pediu que o assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández seja investigado como um caso de feminicídio, em nota publicada na noite desta quarta-feira (5).  

Hernández foi morta enquanto viajava pelo Brasil de bicicleta. Ela estava a caminho de seu país de origem quando desapareceu no dia 23 de dezembro, no município de Presidente Figueiredo, a 117 quilômetros ao norte de Manaus, no Amazonas. A próxima parada seria em Rorainópolis, Roraima.  

No dia 6 de janeiro deste ano, seu corpo foi encontrado dentro de uma mata. De acordo com as investigações, a arista foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado por um casal, que confessou o crime.  

Em nota, o Ministério das Mulheres manifestou “apoio à ação articulada pela União Brasileira de Mulheres (UBM) e os familiares de Julieta Hernandez (...) para que o crime seja reconhecido como feminicídio”.  

Em janeiro, o Ministério Público do Estado do Amazonas denunciou os acusados Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação cadáver. Agora, a família de Hernández pede a mudança da tipificação dos crimes. 

O Ministério também informou que irá monitorar o andamento das investigações e do julgamento. Para a pasta, “a violência contra Julieta Hernandez apresenta características de um crime misógino e xenófobo, de ódio à artista circense como mulher e como migrante”.  

“O Ministério das Mulheres reconhece a preocupação dos familiares e advogados da vítima pela ausência do devido tratamento jurídico ao caso como uma grave violação de direitos humanos das mulheres e dos migrantes e reforça a crença nas instituições brasileiras para que este caso e o de todas as mulheres que recorrem à Justiça não fiquem impunes, por suas vidas e pelo direito à memória”, escreveu a pasta. 

Na última segunda-feira (4), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, recebeu Sophia Hernández, irmã de Julieta Hernández, o advogado Carlos Nicodemos, e o representante da Embaixada da Venezuela Éfren Martin para tratar do assunto.  

Em entrevista ao Brasil de Fato, Sophia Hernández, considerou essencial haver a mudança da tipificação para feminicídio. "O problema que temos agora é que o caso não está sendo considerado como feminicídio. Ela foi violada, torturada e sequer foi enterrada pelo casal. Colocaram ela a cinco metros de onde ela foi morta. Os advogados dizem de forma concreta que essas questões qualificam o crime de feminicídio", disse. 

Edição: Rodrigo Chagas

 
 

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