Quase lá: "A UnB abriu as portas, mas quem trouxe esses jovens foram os seus antepassados"

Cotas na UnB: vitórias de hoje e as cartas para o amanhã

CS
Carmen Souza

 

postado em 11/06/2023 06:00 / Correio Braziliense
 
O Podcast do Correio recebeu a professora Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.
 -  (crédito: Correio Braziliense/Reprodução)
O Podcast do Correio recebeu a professora Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília. - (crédito: Correio Braziliense/Reprodução)

A Lei de Cotas da Universidade de Brasília (UnB) completou 20 anos no último dia 6, e a relatora do projeto da política de ação afirmativa, Dione Moura, preparou uma obra para retratar e celebrar a amplitude dessa iniciativa histórica. Ela e a amiga Deborah Silva Santos, secretária de Direitos Humanos da universidade, organizaram o livro Vá no seu tempo e vá até o final: mulheres negras cotistas no marco dos 60 anos da UnB.


A obra, que será lançada no próximo dia 30, traz o relato da trajetória de 21 jovens que ingressaram pelo sistema de cotas raciais na graduação e na pós-graduação da universidade. É leitura obrigatória para quem ainda tem dúvidas quanto à importância da medida adotada pela UnB há duas décadas, avisa Dione.


“O leitor vai ver que essa juventude negra que chegou à UnB não veio pela mão da universidade, veio pela mão dos seus pais e dos seus avós (...) de famílias negras que queriam que seus filhos estudassem (...) Era o que falávamos lá em 2003 (...) A UnB abriu as portas, mas quem trouxe esses jovens foram os seus antepassados”, diz a também diretora da Faculdade de Comunicação.

O livro, publicado pela Editora UnB, mostra, ainda, que a luta por democracia racial na universidade vem de longe, celebra as conquistas nesses 20 anos e não deixa de abordar os desafios atuais. Tudo acompanhado de ilustrações marcantes feitas pelo artista negro amazonense Petchó Silveira.


O lançamento, uma tarde de autógrafos, contará com a presença das duas autoras organizadoras e de outras autoras cotistas negras estudantes ou egressas da UnB. Será dia 30, das 16h às 18h, no Auditório da Reitoria, que fica no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. O livro também faz parte das comemorações dos 60 anos da universidade e pode ser baixado gratuitamente no site do Repositório Institucional da UnB

E as cartas para o amanhã

 

Cartas escritas da segunda oficina do Projeto Cartas para Amanhã, da UnB
Cartas escritas da segunda oficina do Projeto Cartas para Amanhã, da UnB(foto: Cartas para o Amanhã/Divulgação )

 

A professora Dione Moura também se dedica para que as negras, indígenas, quilombolas e africanas que chegarem à Universidade de Brasília (UnB) nos próximos 60 anos encontrem um ambiente que favoreça as suas potencialidades. E convida alunos e ex-alunos da instituição para construírem essa ponte por meio do projeto Cartas para o Amanhã. A iniciativa, que teve a segunda oficina de escrita no último dia 6, resultará em mais um livro. Dione conta como os participantes têm reagido à ideia: “Uma aluna me escreveu dizendo que, mesmo sem saber, descreveu em sua carta o que fiz por ela há 20 anos e agradeceu por eu ter sonhado com a sua chegada”. Quer sonhar e fazer junto? Vá ao instagram do projeto e deixe lá o seu texto inspirador até o fim deste mês.

 
ENCONTROS
Pretas que escrevem no DF


A terceira edição do Encontro Julho das Pretas que Escrevem no DF tem data: no próximo dia 8, das 16h às 19h, no Museu da República, dentro da programação do Festival Latinidades. O tema desta vez é Escrever em voz alta — Eu modulo a minha voz, e o objetivo segue firme: reunir as escritoras da cidade para trocar experiências e abrir um espaço de empoderamento mútuo. Será um encontro “olho no olho”, “de festa, reflexão e fortalecimento umas das outras”, define Waleska Barbosa, idealizadora do evento, escritora e jornalista. Fazem parte da programação a apresentação das participantes, performances artísticas, venda e exposição das obras e as homenagens a três autoras — Verenilde Pereira, Meimei Bastos e Sarah Benedita. Também será lançado o edital para a realização de uma coletânea, prevista para o ano que vem. Para participar, é preciso se identificar como uma mulher negra, que usa a palavra, escrita ou falada, como expressão artística. A inscrição é gratuita e pode ser feita no Instagram do projeto.


Quilombolas latinas na capital


A partir desta quarta-feira, quilombolas do Brasil e da América Latina estarão em Brasília para um evento de quatro dias com uma vasta pauta feminista e antirracista. Sob o tema Resistir para Existir, o segundo encontro da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas) contará com a presença de mais de 300 lideranças, que vão discutir mecanismos para fortalecer a luta por direitos, avaliar políticas públicas e trocar experiências — incluindo as culturais e artísticas: haverá uma mostra com produtos, artesanatos e livros. “É uma grande conquista construirmos propostas de políticas públicas após uma pandemia em pleno um desgoverno que buscou cessar todos os direitos das comunidades quilombolas. Saíremos fortalecidas e com a unificação dessa grande rede de articulação”, afirma Maria Rosalina dos Santos, do quilombo Tapuio, no município de Queimada Nova Piauí. O encontro será no Centro de Estudo Sindical Rural, que fica no Núcleo Bandeirante.

A UnB abriu as portas, mas quem trouxe esses jovens foram os seus antepassados”

Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/06/5100659-cotas-na-unb-vitorias-de-hoje-e-as-cartas-para-o-amanha.html


Matérias Publicadas por Data

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...