Quase lá: Organizações denunciam à ONU e à OEA assassinatos indígenas no Brasil

 

Justiça Global

No informe enviado nesta quarta-feira (16), a Justiça Global, ao lado do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (Comitê DDH), alertou que o mês de setembro foi o mais violento contra os povos indígenas, com seis assassinatos.

A Justiça Global, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (Comitê DDH) apresentaram um informe à relatorias para o Brasil, para Defensoras e Defensores de Direitos Humanos e operadores de Justiça, sobre os Direitos dos Povos Indígenas, e à Secretária Executiva da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos denunciando a persistente violência contra os povos indígenas no Brasil. O informe também foi enviado ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. 

De janeiro até a metade de novembro, 17 indígenas foram assassinados no Brasil em contexto de conflitos territoriais. Mato Grosso do Sul e Roraima são os estados com maior número de mortes – com seis e quatro, respectivamente –, seguidos do Maranhão, da Bahia, do Mato Grosso e de Pernambuco. Somente entre 3 e 13 de setembro, seis indígenas dos povos Pataxó, Guarani Kaiowá e Guajajara foram assassinados e um se suicidou nos estados da Bahia, do Mato Grosso do Sul e do Maranhão. 

O acompanhamento mostra que as violações têm sido uma constante nesses territórios, instalando um clima de terror e medo entre os povos originários. As violações giram em torno, principalmente, do avanço da fronteira do agronegócio e do garimpo, além da extração de madeira e pesca ilegal. 

Segundo os dados de 2021 do relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, publicado anualmente pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), “a consequência dessa postura foi o aumento, pelo sexto ano consecutivo, dos casos de ‘invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio’. Em 2021, o Cimi registrou a ocorrência de 305 casos do tipo, que atingiram pelo menos 226 Terras Indígenas (TIs) em 22 estados do país. […] No ano anterior, 263 casos de invasão haviam afetado 201 terras em 19 estados. A quantidade de casos em 2021 é quase três vezes maior do que a registrada em 2018, quando foram contabilizados 109 casos do tipo.

“Todos esses assassinatos denotam o alto grau de violência a que estão submetidos os povos indígenas do Brasil, seja por agente privados ou pela ação e omissão do Estado brasileiro, que ao ter conhecimento de toda essa situação nada faz para protegê-los. Pelo contrário, como dito em outros momentos, hoje, o Estado brasileiro é um dos principais agentes das ações de violência e violações contra povos indígenas no país”, diz a nota.

Entre os casos, o documento menciona o Massacre de Guapoy, de 24 de junho de 2022, quando foi realizada uma ação policial sem ordem judicial e de forma muito violenta para realizar o despejo da comunidade Guapoy, do povo Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Na operação, uma das lideranças dessa retomada, Vitor Fernandes, foi assassinada e outras nove pessoas ficaram feridas por disparos de armas de fogo e balas de borracha, incluindo mulheres e adolescentes. A operação policial se deu no contexto das retomadas, pelos indígenas, de seus territórios tradicionais, hoje ocupados por fazendas. Violências contra os povos Yanomami, Guajajara, Pataxó, Kanela do Araguaia e Atikum também são relatadas no informe. 

Conheça os casos

A Justiça Global lembra de relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos à Resolução 35/2020 da Medida Cautelar nº 563-20, feito após pedidos de medidas provisórias para proteger a vida dos povos Yanomami e Ye’kwana, no qual define a situação como de extrema gravidade e urgência de danos irreparáveis aos direitos dos povos indígenas no Brasil pela presença de terceiros não autorizados que exploram ilegalmente recursos naturais nos seus territórios, especialmente de madeira e minérios. No documento, a CIDH reconhece que as medidas implementadas pelo governo federal são insuficientes. A Justiça Global é uma das peticionárias de medida. 

Por fim, o informe solicita: que os assassinatos sejam investigados e seus autores, responsabilizados;  Que o Estado brasileiro envie informações detalhadas sobre as investigações que estão sendo conduzidas sobre os assassinatos relatados no documento e que faça um diagnóstico das mortes violentas contra indígenas, a fim de atuar diretamente nas causas estruturais que originam os conflitos; e que atue para a imediata retirada de pessoas estranhas às comunidades indígenas de seus territórios, como garimpeiros, madeireiros, fazendeiros, pescadores ilegais. As organizações também pedem a criação de um  Grupo de Trabalho interinstitucional para viabilizar essa iniciativa e que seja garantida a dotação orçamentária para a sua implementação.

Leia o informe na íntegra. 

 

 

fonte: https://www.global.org.br/blog/organizacoes-denunciam-onu-e-oea-assassinatos-indigenas-no-brasil/


Matérias Publicadas por Data

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Logomarca NPNM

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...