Quase lá: CUT 40 anos: pioneirismo da Central na paridade reforça luta por justiça social

 

 
 

A paridade de gênero em cargos de direção da CUT foi aprovada em Congresso realizado no ano de 2012, e é referência para o movimento sindical na luta por igualdade

Publicado: 18 Setembro, 2023 - 17h30 | Última modificação: 19 Setembro, 2023 - 14h38

Escrito por: Andre Accarini

 ROBERTO PARIZOTTI
notice

O processo de organização e luta por direitos da classe trabalhadora, além de mobilizações, greves, reivindicações, do trabalho de pressão feito por sindicalistas em instâncias de poder como o Congresso Nacional, para que parlamentares votem a favor dos interesse dos trabalhadores e trabalhadoras em projetos de lei, passa também pela articulação e pela organização interna das entidades sindicais.

Nesses 40 anos, a cada plenária e a cada congresso da CUT, novas decisões foram tomadas, redefinindo posicionamentos e reconstruindo as estruturas da Central para que ela pudesse chegar até onde chegou, nos dias de hoje, viva, forte e combativa.

Um desses processos de reestruturação foi a conquista da paridade de gênero nos cargos de direção da Central, que ocorreu em 2012 durante o 11° Congresso da CUT (CONCUT). Mais do que corrigir uma distorção cultural e histórica da sociedade, baseada no machismo estrutural, a iniciativa visava estabelecer às mulheres o lugar de direito em espaços de poder dentro do movimento sindical.

A resolução da paridade trazia a disposição que, a partir das próximas eleições de direções no ano de 2015, tanto a Executiva nacional quanto as estaduais da CUT deveriam reservar ao menos 50% de cargos para cada gênero, consagrando o assim princípio da equidade e da igualdade de oportunidades, em que homens e mulheres devem ter o mesmo espaço de poder e decisão na CUT.

“Nossa luta não foi fácil. A CUT se reestruturou ampliando seu quadro de dirigentes para garantir o espaço às mulheres. Apesar de a paridade na CUT ter sido um ato pioneiro, ainda precisamos – e muito – avançar nessa questão”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista.

Ela explica que desconstruir conceitos retrógrados e nocivos como o machismo, o racismo, a homofobia, a xenofobia, é algo que não se faz da noite para o dia, uma vez que se trata de uma construção social e histórica, que envolve seres humanos que, por natureza, são falhos.

“Mas, dentro da Central, a consciência de classe e de justiça social sempre fala mais alto e, apesar de todas as dificuldades, demos um grande passo”, diz Junéia.

Paridade qualificada

A dirigente explica, ainda, que a luta pela paridade e por espaços de poder é uma luta constante. “Queremos estar nos principais espaços de decisão da CUT. E é tempo para isso. Em alguns momentos já ocupamos cargos como a Secretaria Geral, com a companheira Carmen Foro, mas precisamos estar lá definitivamente – na Presidência, na Secretaria de Administração e Finanças, nas Relações Internacionais, lugares que os homens até agora ocuparam”, diz Junéia.

Queremos o compartilhamento efetivo das decisões. Nós, mulheres, parimos a outra metade da humanidade. É importante que a sociedade machista entenda isso, tenha consciência do nosso papel e lugar de direito. E dentro da CUT trabalhamos para isso, a partir de nossa própria estrutura
- Junéia Batista


Foco, e ponto importante da paridade, é a efetiva organização e conscientização das mulheres trabalhadoras para intervir no mundo do trabalho e no movimento sindical sobre questões que impactam suas vidas, o que se traduz em construção de políticas de gênero, com base nos princípios e fundamentos da CUT.

Pioneirismo

Junéia Batista pontua que a decisão de estabelecer a paridade na CUT serve de referência para outras entidades do movimento sindical, inclusive centrais, para que também adotem essa tão importante iniciativa de combate ao machismo e promoção de ocupação dos espaços de poder.

“Precisamos ainda avançar no tema no interior da CUT e isso faz parte de toda e qualquer construção de uma sociedade melhor. Mas foi um ganho porque temos homens que foram desconstruídos do machismo. Apesar da necessária autoanálise, sobre o que precisamos ainda fazer, a paridade dentro da CUT tem papel importante para outras mulheres, que devem lutar por cotas, por espaços de poder e decisão, pela igualdade. Conseguimos muitas coisas na caminhada que fizemos até agora, mas precisamos avançar nessa pauta”, conclui Junéia

fonte: https://www.cut.org.br/noticias/cut-40-anos-pioneirismo-da-central-na-paridade-reforca-luta-por-justica-social-9188

 


Matérias Publicadas por Data

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Logomarca NPNM

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...