Quase lá: Ministra Cida Gonçalves defende melhores condições para mulheres se elegerem em 2024

Lideranças femininas do Chile, Costa Rica e Senegal se reuniram com ministra das Mulheres, Janja Lula da Silva e deputadas federais para debater igualdade de gênero

 

Publicado em 15/11/2023 18h49 Atualizado em 15/11/2023 19h20 - Ministério das Mulheres

Mulheres no poder: estratégias para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para alcançar a igualdade de gênero

Foto: Albino Oliveira

 

Em debate sobre igualdade de gênero no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (14), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, defendeu mais recursos para as candidaturas femininas nas eleições de 2024, a fim de superar a sub-representação de mulheres na política nacional. No evento, que contou com a participação de Janja Lula da Silva, das ex-presidentas Michelle Bachelet, do Chile, e Laura Chinchilla, da Costa Rica; e da ex-primeira-ministra do Senegal, Aminata Touré, a ministra Cida Gonçalves defendeu a meta de uma mulher na política, por município.

“O desafio colocado para nós, no Brasil, é eleger, no mínimo, uma vereadora em cada município no Brasil. Precisamos mudar o discurso: não queremos cota de 30%. Se não vão fazer como no Congresso: tirar os 30% e perdoar a dívida. Queremos a garantia de que nós, mulheres, estaremos sentadas [em cadeiras no Congresso Nacional] e de que, em todas as cidades, teremos mulheres que vão falar. Não queremos ser laranjas”, protestou Cida Gonçalves, ao criticar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Anistia, que visa perdoar os partidos políticos por não cumprirem a cota de 30% de candidatas mulheres nas últimas eleições. 

O encontro “Mulheres no poder: estratégias para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para alcançar a igualdade de gênero” foi organizado pelo Ministério das Mulheres, com apoio da Bancada Feminina do Congresso Nacional, do Club de Madrid e da Plataforma CIPÓ, com o intuito de apresentar dados, panorama e formas para cumprir com o objetivo número 5 da ONU. 

Ao todo, a Organização das Nações Unidas possui 17 ODS a serem cumpridos até 2030. O quinto ODS apresenta uma série de indicadores para aprimorar a igualdade de gênero e acompanhar processos eleitorais, assim como estimular a presença de mulheres em cargos de decisões e avaliar também o avanço nos direitos políticos das mulheres como um todo.

Mulheres no poder

Conforme lembrou Janja Lula da Silva, o governo atual conta com o maior número de cargos de primeiro e segundo escalão contendo mulheres. No entanto, no Congresso Nacional, as parlamentares vêm sofrendo ataques diários, e os índices ainda são bastante desiguais, com 17% de mulheres na Câmara dos Deputados e 12% no Senado Federal.

“Temos que subir a régua da discussão. As cotas dos partidos não são o suficiente para nos atender. As mulheres, no Brasil, não conseguem atingir a igualdade em cargos de liderança e não ultrapassam os 18% entre os parlamentares. A legislação eleitoral tem que mudar e nós temos que lutar por paridade meio a meio”, defendeu. 

Para Janja, a condução da ministra Cida Gonçalves à frente do Ministério das Mulheres tem se mostrado crucial para avançar na construção da igualdade de gênero. Ela também destacou a atuação das deputadas e senadoras. “Foi com a atuação dessas parlamentares que o presidente Lula aprovou a Lei de paridade salarial [n° 14.611/23]. Temos que internacionalizar essas políticas. Construímos a Lei de combate ao assédio no ambiente de trabalho [n° 14.612/2023] e seguimos na construção da Política Nacional do Cuidado e do programa Brasil sem Misoginia”, elencou.

Atrasos e retrocessos

Segundo dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) de 2022, o Brasil está nas últimas posições em todos os indicadores de presença de mulheres em cargos eletivos em todos os níveis federativos - estaduais e municipais - em comparação com todos os países da América Latina, Caribe e países da Península Ibérica. Conforme as Nações Unidas, no atual ritmo, o mundo levará 300 anos para atingir a igualdade de gênero. No mundo do trabalho, mulheres recebem 20% a menos que colegas homens que exercem a mesma função.

A ex-ministra da Justiça e ex-primeira-ministra do Senegal, Aminata Touré, explicou que o país africano hoje possui cerca de 45% de mulheres no parlamento. Para ela, a educação e as escolhas orçamentárias são essenciais para impactar positivamente no futuro das mulheres.

“Temos que assegurar que o nosso governo na África e os governos na porção sul do globo aloquem recursos suficientes para dar suporte à educação das mulheres, assim como o mercado de trabalho precisa oferecer iguais oportunidades. Foi a educação que me levou até onde cheguei”, disse Aminata Touré.

Olhar das mulheres como diferencial

Deputada federal pela sexta vez e coordenadora da bancada feminina no Congresso Nacional, Benedita da Silva (PT-RJ) foi a primeira senadora negra do país e a primeira governadora negra do Rio de Janeiro. Ela defendeu que, quanto mais mulheres eleitas, melhores serão os índices sociais, o combate à mortalidade de crianças menores de 5 anos e os investimentos sociais em programas de atenção primária à saúde.

“Lutar por mais mulheres no parlamento não é só justiça numérica. É um passo essencial para construir uma sociedade mais igualitária. A presença feminina passa a ter peso na elaboração de leis, de políticas públicas e na distribuição orçamentária”, argumentou a parlamentar.

Transversalidade do tema

Laura Chinchilla, ex-presidenta da Costa Rica, e Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile e ex-diretora executiva da ONU Mulheres, também participaram do evento e destacaram como as Nações Unidas incluíram a palavra gênero de forma transversal em suas iniciativas, nos últimos anos, para se endereçar às mulheres em todo os debates e programas que conduzem. 

Ambas também destacaram a ascensão de políticos misóginos e populistas como causa de retrocessos recentes à pauta de equidade de gênero e a necessidade de combater desinformação, discurso de ódio e todas as formas de violência direcionada às futuras candidatas.

O evento contou ainda com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, da deputada federal Jack Rocha, entre outras autoridades. 

Foto: Ricardo Stuckert / PREncontro com Lula

Antes do evento sobre mulheres no poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Janja Lula da Silva receberam Michelle Bachelet, Laura Chinchilla e Aminata Touré. Em nota, o Palácio do Planalto informou que, durante a reunião, Lula e as ex-chefes de governo do Chile, da Costa Rica e do Senegal conversaram sobre o papel da mulher nas sociedades modernas e a necessidade de promoção de agendas que reduzam as desigualdades de gênero, como a recém-aprovada Lei da Igualdade Salarial, no Brasil.

O presidente Lula agradeceu os comentários sobre a retomada dos programas sociais bem-sucedidos de seus primeiros mandatos, abandonados pelos governos anteriores, e salientou a necessidade de se pensar novas iniciativas, com enfoques inovadores sobre as demandas das mulheres, da juventude e das camadas médias da sociedade, em áreas básicas como educação, saúde e financiamento à inclusão social.

Saiba o que diz o objetivo número 5 dos ODS da ONU

​​Objetivo 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas 

  • 5.1 Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte
  • 5.2 Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos
  • 5.3 Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas
  • 5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais
  • 5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública
  • 5.6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão
  • 5.a Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais
  • 5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres
  • 5.c Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis

Assista ao evento "Mulheres no poder: estratégias para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para alcançar a igualdade de gênero":

fonte: https://www.gov.br/mulheres/pt-br/central-de-conteudos/noticias/2023/novembro/ministra-cida-goncalves-defende-melhores-condicoes-para-mulheres-se-elegerem-em-2024

 


Matérias Publicadas por Data

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Logomarca NPNM

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...