A esposa do juiz Valmir Maurici Júnior o acusa de cometer violência física, psicológica e sexual; ele é investigado pelo MPSP, TJSP e CNJ
Metrópoles
Reprodução/TV Globo
São Paulo – Um novo áudio flagra o juiz Valmir Maurici Júnior fazendo ameaças de morte contra a esposa. Ele é acusado pela mulher de ter cometido violência física, psicológica e sexual. O material faz parte da investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A gravação, obtida pelo Fantástico, teria sido feita dentro do carro, enquanto ele violentava a esposa.
“Quer morrer? Vai, frouxa. Vira para cá, olha para mim. Olha para mim agora. Vai, senão eu vou dar na sua cara”, diz o juiz. Em entrevista ao Fantástico, a mulher afirma que foi enforcada pelo marido.
“Ele começa a me bater no carro, me dar soco, puxar meu cabelo, me enforcar. Eu começo a gritar, pedir ajuda. Aí, ele segura minha boca com a mão e, com a outra, aperta meu pescoço. Ele falou: ‘Pode gritar, aqui ninguém vai te escutar’.”
O juiz, de 42 anos, atua na 5ª Vara Cível de Guarulhos (SP). Ele está de férias até a próxima quarta-feira (5/4).
Chutes e empurrões
Em outras gravações, divulgadas na semana passada, Valmir aparece dando empurrões e chutes na esposa, enquanto ela cai no chão. Em outro vídeo, o juiz dá um tapa na cabeça da vítima. Segundo a mulher, os episódios teriam ocorrido em outubro de 2022, na casa em que os dois moravam, em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo.
O casal está em processo de separação. Em novembro do ano passado, a mulher de 30 anos saiu de casa. Eles se casaram em 2021, e a violência teria começado depois dos primeiros seis meses de relação.
O procedimento está no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Outras mulheres
Conversas de WhatsApp, às quais o Fantástico teve acesso, mostram que o juiz enviava a amigos vídeos de encontros que tinha com outras mulheres. Em um trecho de uma das conversas, um colega pergunta onde está o vídeo. Valmir responde: “Fiasco. Vídeo ficou gravado desde a hora que ela bateu à porta pela primeira vez”.
“Duas horas de parede filmada. Quando a vadia chegou, a memória já tinha acabado há milênios”, completou. Fotos encontradas em um cofre de propriedade do juiz comprometem ainda mais a situação do magistrado, que também é alvo de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Uma das imagens mostra uma mulher não identificada ajoelhada de costas, com o nome do magistrado carimbado nas nádegas.
Quando a esposa saiu de casa, ela levou o cofre em que o marido guardava diversos vídeos e fotos. Entre elas, as fotografias da mulher com o carimbo com o nome dele. O material encontrado no cofre será periciado.
Ao denunciar as agressões, a vítima entregou o cofre às autoridades, juntamente com os vídeos que mostram a violência. Ela afirma que não sabe quem é a mulher que aparece nas fotografias.
Em outra imagem, uma mulher, também ajoelhada de costas sobre a mesa, está com um exemplar do livro “Constituição Federal Interpretada”, 5ª Edição, de 2014, da editora Manole. O nome de Valmir Maurici Júnior aparece na capa do exemplar como um dos autores da obra, ao lado de outros profissionais. O livro está atualmente na 13ª edição.
Juiz nega
Valmir Maurici Júnior acusou a esposa de furto qualificado por ter levado o cofre. Um inquérito está em andamento na Delegacia de Caraguatatuba (SP). O advogado Luciano Katarinhuk, que defende a mulher, diz que a casa era dela também, porque ambos viviam juntos, e que não houve furto.
A defesa do magistrado nega as denúncias de violência sexual, física e psicológica.