Projeto CoCriança se iniciou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e hoje é uma organização da sociedade civil. Empresas e pessoas podem apoiar iniciativa

 

  Publicado: 20/06/2023

Hérika Dias - Jornal da USP

É possível transformar as cidades a partir dos desejos e necessidades das crianças e as envolver em todo esse processo? Para o CoCriança, sim. Estruturado com uma organização da sociedade civil, ele é formado por um grupo de mulheres entre estudantes e profissionais da Arquitetura e Urbanismo que acreditam na construção de cidades melhores partindo da infância, unindo arquitetura, educação e cidadania.

“A proposta é ressignificar os espaços livres de lazer e trabalhar o vínculo da criança com a cidade, transformando a relação das pessoas com os espaços públicos. Parece óbvio, mas muitos esquecem que a criança é cidadã”, explica a arquiteta Beatriz Martinez, diretora criativa do CoCriança.

Para colocar em prática esse modo de pensar as cidades, elas criaram uma metodologia de trabalho própria de arquitetura participativa. Chamada de Percurso CoCrianças, a metodologia alia oficinas e codesign em um processo de cocriação com as crianças, trabalhando em dois eixos: preparar as cidades para receber as crianças e também preparar as crianças para ocupar e intervir nos espaços urbanos, sobretudo em regiões vulneráveis. 

O percurso inclui seis etapas, que resumidamente incluem a sensibilização dos cuidadores e das instituições relacionadas à infância; cocriação com as crianças a partir de ferramentas de design participativo; tradução dos desejos e necessidades deles em projetos executáveis; depois vêm a intervenção coletiva no espaço, buscando fortalecer as relações comunitárias, e educar para uma cidadania ativa. 

Cerca de 60 alunos da Escola Municipal Virgílio de Mello Franco, no Jardim Pantanal, em São Paulo, puderam vivenciar essa experiência no ano passado. Eles participaram do processo de cocriação e construção do espaço em frente à escola deles. 

Arquitetas do CoCriança e parceiras do IAB-SP e Instituto Alana, no projeto Prototype City São Paulo - Foto: Divulgação / CoCriança

A escola participou do Prototype City, um programa de intercâmbio em arquitetura e urbanismo centrado em colaboração internacional para testar novas iniciativas em cidades ao redor do mundo, promovido pelo British Council. O CoCriança ficou responsável pelo desenvolvimento do processo, recorte comunitário, seleção de áreas de intervenção e elaboração da intervenção. Elas ainda contaram com a colaboração dos arquitetos britânicos Anna Parker, do escritório Intervention Architecture, e Alessandro Columbano, do laboratório Co/LAB, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Área externa de uma escola no Jardim Pantanal, em São Paulo, após um trabalho conjunto entre as crianças e o CoCriança - Foto: Divulgação / CoCriança

 

As principais percepções das crianças sobre o local eram o vento no rosto, o barulho de automóveis, a presença de lixo, sensação de calor e barulho de música. A partir de um trabalho conjunto com as crianças, a intervenção do local buscou usar cores para chamar a atenção dos motoristas de carro para eles entenderem que o espaço era frequentado por crianças e diminuir a velocidade, foram projetadas diversas estruturas de cobertura para o conforto térmico, além da instalação de lixeiras, vasos de plantas e bancos. 

“A cidadania só pode existir dentro do entendimento de pertencimento, de cuidador do projeto. É um processo longo, mas efetivo porque não é só transformação dos espaços, marca as crianças envolvidas”, destaca a arquiteta Beatriz Martinez. 

Crianças fazem parte de oficinas participativas de intervenção no espaço urbano - Foto: Divulgação / CoCriança

 

Espaço público para a criança

E foi dentro da Universidade que nasceu a metodologia, mais precisamente durante uma disciplina da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, em São Paulo. “Nosso grupo, na época, escolheu trabalhar com as crianças do Centro da Criança e do Adolescente (CCA) Elisa Maria, na Brasilândia [em São Paulo], com as quais idealizamos um projeto de requalificação da praça. Mas a disciplina previa apenas a idealização do projeto e nós queríamos tirar aquela ideia do papel”, conta a arquiteta do CoCriança.

O primeiro teste da metodologia ocorreu em 2017. Para concretizar as obras do espaço, as então estudantes conseguiram apoio de projetos da USP voltados para a comunidade e indicação de verbas da Câmara de São Paulo. Nesse processo, a antiga Praça Rosa Alboni foi transformada e rebatizada com o nome Praça Livre Para as Crianças, nome escolhido pelas crianças.

“A metodologia nasce como ideia e concepção inspiradas em querer implementar algo de verdade para impactar muitas pessoas”, lembra Beatriz. Assim, em 2021, foi criada a Organização da Sociedade Civil CoCriança, que tem no seu conselho duas professoras da FAU: Catharina Pinheiro e Karina Oliveira Leitão. 

Projeto desenvolveu metodologia para trabalho com as crianças - Foto: Divulgação / CoCriança

 

Apoio financeiro

Depois do projeto da Brasilândia, o CoCriança já atuou em outros espaços públicos em São Paulo e Mogi das Cruzes e devem iniciar projetos em Campinas.

Para tirar do papel os projetos e colocá-los em prática, o CoCriança precisa de apoio financeiro. Quem puder doar R$ 15,00 por mês, por exemplo, ajuda uma criança e contribui para a construção de um espaço voltado para ela em regiões vulneráveis. Para contribuir, é só acessar o site do CoCriança.

Mais informações: https://cocrianca.com.br

fonte: https://jornal.usp.br/universidade/arquitetas-e-criancas-transformam-espacos-urbanos-priorizando-a-infancia/

 


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