Após o fim das especulações sobre mudanças na Saúde, a ministra deu entrevista à TV Brasil. Prestou contas sobre seus primeiros seis meses, destacou os projetos principais e algumas preocupações, como a vacinação. O SUS resiste

Em uma tentativa de qualificar a comunicação com a sociedade, o governo Lula retomou o programa de entrevistas Bom dia, ministro, da TV Brasil. Coube a Nísia Trindade, da Saúde, a primeira edição. Algo significativo, após uma semana de especulações sobre a sanha do Centrão em abocanhar o ministério de maior orçamento. Mas também pode ser sinal da centralidade que a pasta ocupa, hoje – após seis meses, a Saúde foi um dos temas de maior destaque no governo.

Na entrevista, que durou cerca de uma hora, comandada pela apresentadora Karine Melo e composta também por jornalistas de rádios de todo o Brasil, Nísia prestou contas de seus primeiros 180 dias. Contundente, mesmo em seu estilo polido, não poupou críticas ao governo Bolsonaro, defendendo o papel estratégico que ocupa em defesa do Sistema Único de Saúde.

“O importante é que o ministério se fortaleça. Passamos por uma crise gravíssima, a pandemia teve um efeito muito maior do que poderia, houve negacionismo de vários preceitos da ciência e desestruturação do SUS. Minha convicção é de fortalecer o ministério o máximo possível. Recuperar o SUS é prioridade na plataforma do governo”, sintetizou, quando perguntada sobre as pressões do centrão pela sua pasta, momento em que também ressaltou sua trajetória de defesa pela democracia.

Nesse sentido, Nísia atribuiu a toda a sociedade a tarefa de superar a onda negacionista que ainda repercute. Pois, segundo ela, apenas em um esforço conjunto será possível retomar os antigos patamares de vacinação e promover a saúde coletiva. “É um dever nosso proteger crianças e jovens. Nossa expectativa é reverter o quadro, mas é um movimento. Não é só ação de governo, mas da sociedade”, frisou.

Ela não esconde que, diante da renitência do negacionismo, o ministério encontrou dificuldades maiores que o esperado em convencer a população a se vacinar. Por isso, informou que lançará, em agosto, um novo esforço de imunização de massa. Também falou novamente em investigação e punição de quem sabotou políticas sanitárias e espalhou desinformações que levaram a pelo menos 700 mil mortes pelo coronavírus.

Primeira mulher a ser ministra da Saúde, Nísia também marcou posição em questões referentes às necessidades e direitos das mulheres, o que se reflete em algumas iniciativas como a volta da política de distribuição de absorventes e o aumento de medicamentos oferecidos no Farmácia Popular. “[A falta de absorventes] no caso das jovens gera falta nas escolas e tem impacto na sua educação. O tema foi prioritário no 8 de março e atenderemos a seu pedido”, prometeu Nísia.

Ainda sobre a questão menstrual, completou: “Vamos trabalhar junto às escolas, em uma ação ministerial. Daremos atenção às pessoas em situação de rua e no sistema prisional. Em breve, uma portaria explicará sua distribuição. Faremos um trabalho de conscientização corporal sobre mais esse aspecto de cuidado à saúde”. E mais: “Ampliamos [o Farmácia Popular] para anticoncepcionais e remédios para osteoporose, pela importância que damos à saúde da mulher, gênero predominante da doença”.

Adaptado às novas plataformas, o Bom dia, ministro faz parte da estratégia de comunicação direta do governo com a população. Isso num contexto bem diferente do início dos anos 2000, quando a mídia empresarial praticamente monopolizava a formação da opinião pública. Ao mesmo tempo, o presidente Lula iniciou, nesta mesma semana, um formato de transmissão com o repórter Marcos Uchôa, com falas diárias – algumas editadas em vídeos de 1 ou 2 minutos – em que comenta temas e ações de seu governo.

Por fim, o primeiro semestre se encaminha para o fim com aumento da aprovação do governo, inclusive entre eleitores de Bolsonaro. Essa estratégia de comunicação pode contribuir para a busca por apoio popular, para avançar pautas importantes. A presença de variados veículos de comunicação neutraliza a crítica sobre chapa-branquismo. E Nísia Trindade, cuja entrevista não deixou de lado nenhum dos temas centrais da Saúde, foi o melhor cartão de visitas deste novo governo Lula.

   

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