CFESS participa, nesta terça, de atividades alusivas à data
Artes: Rafael Werkema/CFESS
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto, demarca a necessidade coletiva de tornar público mulheres que historicamente ocuparam o espaço da invisibilidade, inclusive, no interior de segmentos dos movimentos feministas e LGBTQIAPN+. É o que diz a nova edição do informativo “CFESS Manifesta”, elaborado especialmente para a data e já disponível para leitura (clique aqui).
Nos anos recentes, a violência contra as lésbicas apresenta sinais de agravamento em diferentes âmbitos. É o que mostra o primeiro LesboCenso Nacional, realizado em 2022, importante e pioneira iniciativa da Liga Brasileira de Lésbicas e da Associação Lésbica Feminista Coturno de Vênus, para dar visibilidade às vivências de mulheres lésbicas cis e trans brasileiras ().
Por que dialogar sobre esta data? Assistentes sociais trabalham cotidianamente nos mais diversos espaços com a população LGBTQIAPN+ e com as diversas expressões e situações da discriminação e violências contra mulheres lésbicas. Portanto, garantir o acesso aos direitos e políticas sociais por parte destas pessoas é uma tarefa da categoria, além de um princípio de atuação, na direção da defesa intransigente dos direitos humanos, como pressupõe o Código de Ética Profissional.
Por isso, “o CFESS MANIFESTA seu total apoio à liberdade e à visibilidade lésbica e reafirma o compromisso ético-político na defesa do movimento lésbico-feminista, bem como da liberdade de orientação e expressão sexual. Conclamamos toda a categoria de assistentes sociais a efetivar a Resolução 489/2006 em todos os nossos espaços sócio-ocupacionais”, diz trecho do documento.
Novo marcador com “mulheragem”
Para ficar nítido, como sempre ensinou uma das pioneiras do feminismo lésbico no Serviço Social, Mary Mesquita, em artigo nos anais do 11º CBAS, ela diz que “as violações não constam nas estatísticas oficiais, mas se expressam, cotidianamente, em variadas situações: no constrangimento quando se frequenta os serviços de saúde e se constata o despreparo dos profissionais quanto à relação afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo; quando a escola silencia quanto à discriminação praticada contra a adolescente que vive o 1º beijo; quando os programas de humor são produzidos a partir da lógica sarcástica do deboche e do estereotipo com o segmento LGBT; através de atitudes preconceituosas e discriminatórias no trabalho; desorganizações emocionais advindas da pressão social seja da família, do trabalho, de amigos/as, das religiões. A violência psicológica e simbólica fica, por vezes, na invisibilidade, como na invisibilidade vivem, predominantemente, as mulheres lésbicas”.
“Sou mulher negra, feminista e lésbica!”. Era com essa potência que a cearense Marylucia Mesquita iniciava suas falas públicas, reivindicando e lutando pela visibilidade e direitos de todas as mulheres. Ex-conselheira do CFESS (1999-2002, 2008-2011 e 2011-2014), ela se dedicou ao debate da Ética e Direitos Humanos, atuou também como docente e foi cofundadora do DIVAS (Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual).
Por isso, é para ela, mulher, feminista, assistente social, lésbica, negra, que o CFESS promove a última “mulheragem” da campanha “Nós, mulheres, assistentes sociais de luta”, que se encerra em 2023. Um novo marcador de texto foi elaborado especialmente para esta data (clique para baixar).
Atos pela visibilidade lésbica
No dia 29, pela manhã, o CFESS participou de uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, requerida pela deputada federal Daiana Santos. A ideia foi encher o Congresso com as cores e lutas das mulheres. A gravação da emocionante atividade está disponível do canal da Câmara no YouTube (clique aqui para assistir).
Na parte da tarde, o CFESS também participará das atividades do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+), do qual é integrante, em que se debatem propostas em defesa desta população. Na cerimônica, o governo federal divulgará medidas para a sociedade em relação às mulheres lésbicas. A cerimônia terá atividade cultural e pode ser assistida clicando aqui!
Clique aqui e baixe a nova edição do 'CFESS Manifesta'
Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Que nossas vozes ecoem vida-liberdade - 2023/2026
Comunicação/CFESS
Diogo Adjuto - JP/DF 7823
fonte: http://www.cfess.org.br/visualizar/noticia/cod/2030
Qual a diferença entre o Dia do Orgulho Lésbico e o da Visibilidade Lésbica?
Agosto é marcado por duas datas da visibilidade lésbica; saiba sobre a origem e importância de cada uma
Por Redação Vogue
Considerado o Mês da Visibilidade Lésbica, agosto tem duas datas dedicadas ao fortalecimento da luta por igualdade, direitos e inclusão e pelo fim da lesbofobia. O dia 19 é considerado o Dia do Orgulho Lésbico, enquanto o dia 29 é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Você sabe como surgiu e o que cada uma significa? Confira abaixo!
Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica foi criado em 1996 para marcar um dia de luta pelos direitos das mulheres lésbicas. A data ressalta a importância da inclusão da mulher lésbica, contra o apagamento da sexualidade feminina.
A data foi estabelecida devido à realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), evento que perdurou durante os anos seguintes tornando-se palco de reflexões e debates sobre saúde, visibilidade, organização coletiva, entre outras temáticas que envolvem a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero.
Algumas vitórias jurídicas foram conquistadas desde então, como a menção à orientação sexual na Lei Maria da Penha; a possibilidade de mulheres lésbicas se casarem no civil; o amparo legal para reprodução assistida, além da equiparação da LGBTfobia ao crime de racismo.
Dia do Orgulho Lésbico
A data foi escolhida em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, que aconteceu em 1983. Naquela noite, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro's Bar, localizado próximo à Avenida 9 de Julho, em São Paulo, para protestar contra os abusos e preconceitos que vivenciavam no local.
O bar era um ponto de encontro na noite paulistana, onde ativistas LGBTs e artistas podiam fazer performances e trabalhar. Porém, um mês antes, os donos do estabelecimento vetaram a distribuição do boletim "ChanacomChana" - primeira publicação ativista lésbica do Brasil - e expulsaram as autoras do local.
Na noite da manifestação, integrantes do Galf conseguiram entrar no bar e obter a promessa dos donos de que não seriam mais impedidas de distribuir a revista ali. A data é conhecida como o "Stonewall brasileiro", em referência à histórica manifestação de gays, lésbicas e travestis contra a repressão policial em Nova York, em 28 de junho de 1969, que posteriormente daria origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.
Mesmo com esse feito, ao longo dos anos, as mulheres lésbicas conseguiram pouco espaço na sociedade. A discriminação sofrida pode ser vista de diversas formas, desde o não reconhecimento das relações afetivas entre mulheres, passando pela hipersexualização dos corpos lésbicos, a negligência na área de saúde, o estupro corretivo e o lesbocídio.
O Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, primeiro relatório nacional sobre o tema, realizado por pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e lançado em 2018, apontou que 49 mulheres foram vítimas desse tipo de violência no país.