Vilma Nascimento foi homenageada em Brasília no Dia da Consciência Negra. Um dia depois, foi acusada de roubo em uma loja do aeroporto do DF
atualizado
![Imagem colorida de Vilma nascimento, porta-bandeira da Portela, acusada de roubo em loja](https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2023/11/23153539/Violma-nascimento-porta-bandeira-da-Portela-e-acusada-de-roubo-em-loja.jpg)
Vilma Nascimento, 85 anos, conhecida como Cisne da Passarela, é porta-bandeira da escola de samba carioca Portela há 66 anos. Na última segunda-feira (20/11), ela foi uma das personalidades negras homenageada pela da Câmara dos Deputados no Dia da Consciência Negra.
Apenas um dia depois do evento, na terça-feira (21/11), Vilma foi acusada de roubo em uma loja no Aeroporto Internacional de Brasília. O detalhe é que apenas ela, entre todos os clientes do local, foi submetida a uma “revista”.
Um vídeo, gravado por uma das filhas de Vilma, mostra o momento em que a porta-bandeira é obrigada a retirar todos os objetos de sua bolsa depois de ser acusada por uma segurança.
“Nunca passei por isso em toda a minha vida”, diz Vilma.
O Metrópoles conversou com o neto de Vilma, Bernard Nascimento, sobre o ocorrido. De acordo com ele, depois de olhar alguns perfumes na loja, Vilma foi parada por uma segurança, que pediu para a porta-bandeira abrir a bolsa. “Em nenhum momento foi explicado porque a minha avó tinha que fazer isso. Loja cheia e ela é a única que tem que abrir a bolsa. Por que isso?”, questionou Bernard.
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O neto de Vilma conta o que aconteceu no local. “A segurança fez ela tirar tudo de dentro da bolsa no meio da loja. Imagina a vergonha disso para uma pessoa de 85 anos. Quando ela já tinha tirado tudo, a mulher falou para o supervisor que realmente não tinha nada na bolsa dela”. De acordo com, Bernard, a loja e a segurança não se desculparam pelo acontecido.
Bernard ainda disse que, por conta do estresse, a saúde de Vilma ficou abalada. “Minha avó fica com o olho cheio de água quando vê o vídeo. Até evito mostrar pra ela”. Segundo ele, a família pretende processar a loja e a funcionária.
“Com quantas pessoas brancas houve abordagem parecida por essa funcionária?”, questiona o cientista político e advogado Nauê Bernardo sobre o caso. “Enquanto não tivermos coragem de dar o nome certo a esse tipo de fenômeno, que usa perfilamento racial para separar ‘ladrão’ de ‘cliente’ , não vamos conseguir superar o racismo no Brasil”.
O que diz o Aeroporto Internacional de Brasília?
O Metrópoles entrou em contato com o Aeroporto Internacional de Brasília e solicitou o posicionamento em relação ao ocorrido, assim como as medidas que serão tomadas em relação à loja e quais são os requisitos que devem ser cumpridos pelos estabelecimentos localizados dentro do aeroporto.
Até o momento não obteve resposta. O espaço segue aberto.