Quase lá: Vereadoras de Porto Alegre apresentam propostas para população transgênero

Ações marcam o Dia Nacional da Visibilidade Trans com objetivo de auxiliar pessoas trans em situação de vulnerabilidade

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
 


“Estatísticas mostram que as pessoas trans enfrentam taxas de violência física, psicológica e sexual significativamente mais altas do que a população geral”, ressalta parlamentar - Agência Brasil

Em 2024 foram registradas 1.713 denúncias e 22.293 violações contra população trans no país, de acordo com dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, obtidos através do Disque 100. Diante dessa realidade as vereadoras Natasha Ferreira, líder do PT na Câmara Municipal de Porto Alegre, e Atena Roveda (Psol), apresentaram nesta quarta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans, projeto e propostas para população trans. 

Com o objetivo de dar suporte financeiro imediato para pessoas transexuais em situação de vulnerabilidade social, vítimas de violência ou expulsas de casa por transfobia, Natasha protocolou a criação de um auxílio emergencial específico para pessoas trans. 

 

"Estatísticas mostram que as pessoas trans enfrentam taxas de violência física, psicológica e sexual significativamente mais altas do que a população geral", pontua a parlamentar. Pelo 17º ano consecutivo, o Brasil segue como o país que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com o levantamento da Trans Murder Monitoring. Em 2024, foram registradas 350 mortes, sendo 105 no país.

"É preciso reconhecer e agir diante das condições precárias em que vive grande parte da comunidade trans. Sem um ambiente seguro e acolhedor, essas pessoas têm suas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional severamente comprometidas", afirma Natasha. A vereadora espera que a proposta inspire um debate maior sobre o tema e que fortaleça as redes de proteção para a população trans no Brasil.

Por sua vez, Atena, baseada na proposta da deputada federal Érika Hilton (Psol), propõe a criação do Dossiê Municipal de Violências e Discriminações contra pessoas LGBTQIA+. De acordo com a parlamentar o objetivo é reunir e monitorar os dados sobre violações de direitos da população LGBTQIA+, e assim subsidiar políticas públicas de enfrentamento em todo território municipal.

"Somente no ano de 2024 foram registrados mais de 30.000 violações contra pessoas da comunidade LGBTQIA+, isso sem contar a subnotificação de casos, especialmente dentro da comunidade transgênero e travestis", expõe Atena. 

Em nível federal foi lançado nesta terça-feira (28), com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Índice de Monitoramento dos Direitos LGBTQIA+. Desenvolvido através de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do MDHC e o Instituto Matizes, a plataforma foi concebida para oferecer subsídios técnicos baseados em dados quantitativos e qualitativos, englobando contribuições do governo e da sociedade civil.

O projeto é estruturado em quatro eixos temáticos: Insegurança e Violência; Gestão; Participação e Transparência; Políticas Públicas; e Planejamento Orçamentário, desdobrados em 43 indicadores, distribuídos por 13 dimensões.

Dia de visibilidade 

"Este é um dia para lembrar que toda pessoa trans merece viver com dignidade e respeito. Políticas públicas como esta são importantes para transformar essa visão em realidade", ressalta Natasha ao falar sobre a importância do Dia da Visibilidade Trans. 

 

"No dia de hoje celebramos a ocupação e unidade nacional entre parlamentares travestis, mas também demarcamos a necessidade do Brasil avançar na produção de dados sobre as violações cotidianas que nossa comunidade sofre. Queremos comprometimento sério ao longo do ano no enfrentamento à LGBTfobia em suas diferentes formas, iremos cobrar, ir às ruas e ocupar cada espaço de poder em manifestação de luta e TRANSformação nacional", afirma Atena. 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2025/01/29/vereadoras-de-porto-alegre-apresentam-propostas-para-populacao-transgenero

 

Programação em torno do 29 de janeiro discute efetividade de ações afirmativas e reforça o caráter diverso e plural da instituição

Hasteamento da bandeira trans no mastro da Reitoria, nesta quarta (29), é uma das ações no contexto da Semana da Visibilidade Trans da UnB. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

A data de 29 de janeiro marca o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que fortalece a diversidade e dá voz à luta diária vivenciada por esta comunidade. Tendo a pluralidade como uma de suas marcas, a Universidade de Brasília, por meio da Coordenação LGBTQIA+ da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), realiza até o dia 30 a Semana da Visibilidade Trans da UnB.

Na segunda-feira (27), a aula aberta Transicionar para pertencer abriu a programação da semana e retratou a implementação de cotas trans em universidades públicas no Brasil. Em 2024, a UnB aprovou a adoção de cotas para pessoas trans, destinando 2% das vagas de todas as formas de ingresso na graduação a essas pessoas.

Maktus da Silva, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, ressaltou a importância do movimento estudantil para a conquista. Contou da “marcha pelas cotas trans”, realizada dentro da Universidade, e sobre reuniões acerca do tema na Câmara de Ensino de Graduação. “Os esforços foram feitos para que a gente pudesse ter a garantia de que, a cada processo seletivo da Universidade, pelo menos uma pessoa trans seria chamada”, recorda.

RETRATO – Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 72% das pessoas trans não têm o ensino médio completo e 56% não têm ensino fundamental completo no Brasil. De acordo com Lucci Laporta, ativista e assessora do deputado distrital Fábio Félix (PSOL), da falta de acesso à educação decorrem outros problemas: “A gente não tem oportunidade, inclusive, de ter acesso ao mercado de trabalho. Noventa por cento de nós, então, precisamos recorrer à prostituição”.

Esses fatores geram marginalização e exclusão da comunidade trans. Para Laporta, políticas afirmativas como as cotas são necessárias “para que a gente comece a fazer com que pessoas trans deixem de ser seres exóticos”. Desde 2017, a UnB garante o uso do nome social às pessoas trans e travestis. Além disso, cumpre, desde 2021, reserva de vagas de estágio para esse público.

A aula aberta foi mediada pelo estudante de pós João Vitor Gonçalves e contou com a presença de Lucci Laporta, da professora Jaqueline Gomes de Jesus e do professor Renato Dias. Imagem: Reprodução

PASSO ALÉM – Em 2022, a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) aprovou o sistema de cotas para pessoas trans. Um dos convidados da aula aberta, o professor Renato Dias, ex-vice-reitor da FURG, destacou a importância de garantir não apenas o ingresso, mas a permanência deste público nas universidades, até a conquista do sonhado diploma.

“Ações afirmativas não são só cotas”, acrescentou a primeira gestora do sistema de cotas da UnB, professora Jaqueline Gomes de Jesus. Ela sugeriu como ação possível o desconto em impostos a empresas que contratem pessoas trans.

PROGRAMAÇÃO – Em continuidade à Semana de Visibilidade Trans, nesta quarta-feira (29) acontece o hasteamento da bandeira do movimento no mastro na Reitoria da UnB, às 8h. Na quinta-feira (30), no ICC Sul, ocorre a mostra cultural Xica Manicongo, às 13h.

Em 5 de fevereiro, a reitora Rozana Naves estará presente em audiência pública da Câmara Legislativa do Distrito Federal para debater cotas trans em universidades. A sessão no Plenário da CLDF, às 10h, será presidida pelo deputado distrital Fábio Félix e terá a presença de autoridades.

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB. 

fonte: https://noticias.unb.br/institucional/7811-semana-da-visibilidade-trans-promove-debates-sobre-protagonismo-na-unb

 

Pessoas trans enfrentam rejeições em busca de vagas formais de emprego

 

Enviado por / FonteAgência Brasil, por Rafael Cardoso
© Arquivo/MDHC

No Dia da Visibilidade Trans, Bruna Valeska conta suas dificuldades

Há um ano e dois meses, Bruna Valeska foi demitida de uma loja de perfumaria e cosméticos em que trabalhava. Segundo ela, o motivo principal foi transfobia da pessoa que gerenciava o estabelecimento. Até hoje ela não recebeu os valores da rescisão de contrato, nem conseguiu se reinserir no mercado de trabalho formal.

“Fui convidada para trabalhar nessa empresa com a promessa de um salário alto e bolsa de estudos para terminar a faculdade em Química. E em apenas quatro meses me mandaram embora”, conta Bruna. “E isso é uma constante. Eles contratam pessoas transexuais para trabalhar temporariamente e garantir o selo de empresa inclusiva”.

Hoje (29), quando se celebra o Dia Nacional da Visibilidade Trans, a história de Bruna é representativa das dificuldades enfrentadas por outras pessoas trans ao lidar com preconceitos e portas fechadas no mercado de trabalho. Fato que se soma às discriminações sofridas em outras dimensões da vida. Ela foi rejeitada e expulsa de casa pela família, abandonou uma universidade pública por falta de acolhimento e, sem dinheiro para se sustentar, acabou morando na rua por um tempo.

Tudo isso não a impediu de insistir em uma qualificação profissional. O primeiro emprego veio depois de participar de um projeto da prefeitura do Rio de Janeiro, quando conseguiu uma vaga como auxiliar de cozinha. De lá para cá, vieram outros empregos e cinco anos de experiência registrados na carteira de trabalho. Em comum, ela reclama do tratamento desigual das chefias em relação aos funcionários trans.

“Existem muitas empresas que se dizem inclusivas, mas são rigorosas com as trans. Escolhem muito por beleza, indicação, formação, enquanto outros funcionários prestam as mesmas funções e não são exigidos dessa maneira”, diz Bruna. “Não temos as mesmas oportunidades de crescimento das demais pessoas. Não adianta criar uma vaga específica para pessoas trans e você descobrir que, na mesma empresa, outras pessoas têm a mesma função com salários maiores”.

Enquanto tenta gerar alguma renda na internet, Bruna estuda na área de estética e beleza, e espera que surja uma oportunidade de trabalho formal que valorize seus conhecimentos e experiências.

Rio de Janeiro – Bruna Valeska fala das rejeições que enfrenta em busca de vagas formais de emprego – Foto Bruna Valeska/Arquivo pessoal

 

“Eu tenho sonho de voltar ao mercado de trabalho. Eu fiquei muito magoada porque abri mão de muitas coisas para estar na última empresa. E muitas pessoas como eu passam por essas contratações temporárias. Você abre mão de toda uma vida, para depois ficar sem nada”, diz Bruna. “A sociedade conta com um número grande de pessoas trans que passaram dos 35 anos, merecem uma oportunidade, merecem ficar no mercado de trabalho, ter profissão e requalificação”.

Oportunidades de trabalho

Uma iniciativa que busca romper os preconceitos e ajudar pessoas transexuais no mercado de trabalho é a Roda de Empregabilidade. O evento ocorre hoje (29) em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Rede Incluir. São oferecidas mais de 100 vagas como auxiliar de comércio e de serviços gerais, vendedor, caixa, eletricista e mecânico de refrigeração.

O encontro promete oferecer também orientação profissional, preparação para entrevistas e encaminhamento direto para vagas em empresas comprometidas com a diversidade. Nélio Georgini, que é coordenador de Diversidade e Inclusão do Instituto Rede Incluir, diz que esse é um primeiro passo importante, mas que as pessoas trans precisam mais do que vagas. É fundamental que haja também reconhecimento profissional e dignidade.

“O mundo é muito binário, costuma pensar apenas em questões como preto ou branco, homem ou mulher. E tudo que foge ao binarismo, a sociedade tende a refutar. E o mercado de trabalho historicamente se fecha para as pessoas trans. Elas têm dificuldades como um todo. Acessar políticas públicas é sempre difícil. E quando você fala de empregabilidade, as condições ainda são precárias”, diz Nélio.

O coordenador do instituto entende que o momento é de retrocesso para a valorização de pessoas trans no mercado de trabalho. Ele cita o movimento de algumas corporações globais de revisar e eliminar políticas de diversidade e inclusão em seus quadros com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Nélio espera que empresários brasileiros escolham um caminho contrário e passem a valorizar mais os profissionais transexuais.

“Estamos em um momento decisivo em que as empresas precisam se posicionar sobre a nossa pauta. Porque é fácil fazer isso quando existe um apelo popular e esse posicionamento melhora a imagem da corporação. Mas, nas dificuldades, é que precisamos que as empresas façam parte dessa resistência também, para trazer dignidade às pessoas trans, independentemente do contexto político”, diz o coordenador do Instituto Rede Incluir.

 

fonte: https://www.geledes.org.br/pessoas-trans-enfrentam-rejeicoes-em-busca-de-vagas-formais-de-emprego/


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