Quase lá: 30 anos de um assassinato sem apuração e penalização dos culpados combinado com o ascenso da Extrema direita no Brasil e no mundo

Completam-se, nesse dia 12 de junho, 30 anos dos assassinatos do José Luis e Rosa Hernandes Sundermann.

Por Doni Silva, Coordenador jurídico do SINTUFSCar, de São Carlos (SP)

 

Completam-se, nesse dia 12 de junho, 30 anos dos assassinatos do José Luis e Rosa Hernandes Sundermann. O casal foi executado dentro de sua casa e até hoje as autoridades policiais e judiciais não apuraram e nem apontaram qualquer suspeito(os) pelo brutal crime. Uma impunidade recorrente aos assassinatos de lutadores sociais no Brasil.

Zé Luís e Rosa eram figuras de imensa importância para a organização da luta do SINTUFSCar e de toda região de São Carlos. Atuavam e incomodavam muito além dos muros da universidade, tanto que foram mortos em condições que deixaram muito evidentes se tratar de uma execução ligada às lutas do campo.

Quando foram assassinados, atuavam nas lutas da região, com destaque à uma forte greve dos cortadores de cana da região, enfrentando grupos políticos e oligarquias ligadas ao agronegócio. O crime foi denunciado em organismos internacionais e o Brasil chegou a ser condenado, mas apesar disso, 30 anos depois, o crime segue impune.

A extrema direita, o discurso de ódio e a eliminação física dos lutadores do campo e da cidade, dos negros e negras, indígenas e da população LGBTQIAP+

A ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo tornou-se um indicador de como o discurso de ódio se proliferou e tem produzido vítimas ligadas aos movimentos sociais, de negros e negras, indígenas, mulheres, com destaque à comunidade LGBTQIAP+ em um dos países mais violentos contra essa população. O bolsonarismo atua para aprofundar essa violência, promovendo campanhas ideológicas contra esse setor da população e censurando debates que promovem o respeito à diversidade. Durante o ano de 2023 ocorreram 230 mortes de LGBTs de forma violenta no país. Dessas mortes 184 foram assassinatos.

No Brasil, os negros e negras são as maiores vítimas do racismo e estudo mostra que a cada 100 mortos pela polícia, em 2022, 65 eram negros/as. Esses números aumentam ainda mais quando se considera aquelas vítimas de cor informada. O percentual chega a 87,4%.

Nos EUA, durante o mandato de Donald Trump, um dos maiores ícones da extrema direita, o mundo se estarreceu com o assassinato de George Floyd, em maio de 2020, estrangulado pelo policial branco Derek Chauvin, que ajoelhou em seu pescoço durante uma abordagem por supostamente usar uma nota falsificada de vinte dólares em um supermercado.

Os assassinatos que ocorrem nos conflitos do campo, no Brasil, são alarmantes e se destacam pelo alto índice de impunidade. Ao que tudo indica, Zé Luis e Rosa foram vítimas dessa situação pois, no ano de 1993, atuaram fortemente na greve dos canavieiros da Usina Ipiranga, na região de São Carlos. 

Dados do Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Apontam que nos conflitos do campo, os números são alarmantes. Das centenas de massacres ocorridos de 2014 até o momento, vitimaram 395 pessoas. Outro dado importante alertado pela CPT é que a redução dos assassinatos nos últimos anos da série não significa a redução da violência, pois, segundo a CPT o que ocorreu foi a ação direcionada a lideranças de movimentos sociais, denotando uma ação especializada de criminosos profissionais, portanto, são crimes premeditados e planejados.

Importante destacar, durante a vigência do governo Bolsonaro, as mortes de crianças e indígenas adultos, produzidas pelo total abandono da população Yanomami e dos indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. De 2019 a 2022, ainda durante o governo Bolsonaro, foram registrados 795 assassinatos de pessoas aponta o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil” do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

ZÉ LUIS E ROSA, PRESENTES!!!

Conhecer a história do casal Sundermann é fundamental para compreender concretamente a história de nossa própria luta como trabalhadores e, assim, entender seus desfechos. Por isso, junto a este texto, enviamos o link de um videodocumentário gravado em 2014 que conta a história de nossos companheiros.


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