Mensagens gravadas pela jornalista Vanessa Ricarte antes de ser assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, na última quarta-feira (12), apontam falhas no atendimento prestado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande

No papel de monitorar, supervisionar e fiscalizar a efetividade das políticas e serviços destinados a mulheres em situação de violência, o Ministério das Mulheres encaminhou um ofício à Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul solicitando a abertura de procedimento investigativo para apurar o atendimento prestado à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio na última quarta-feira, e ao Ministério Público a respeito de providências a serem tomadas.
Em áudio veiculado nesta sexta-feira (14), Vanessa descreve ter informado, durante atendimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Campo Grande, a decisão de retornar até sua casa, onde estava o agressor, Caio Nascimento. O percurso não poderia ter ocorrido sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira.
A equipe do Ministério das Mulheres viaja a Campo Grande ainda neste final de semana para dialogar com representantes da rede de atendimento. O órgão se solidariza com familiares, amigos e amigas de Vanessa e reafirma o compromisso de atuar pela prevenção e enfrentamento a todos os tipos de violência contra as mulheres, em especial o feminicídio, com investimentos em diversas políticas públicas focadas em informação e em atendimento. Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada.
Imprensa nacional repercute e acompanha feminicídio de Vanessa
Sites como Metrópoles, Correio Braziliense, Folha de São Paulo e G1 publicaram sobre a morte
Por Lucia Morel | 15/02/2025 16:23 - CampoGrandeNews
A imprensa nacional já repercutiu e acompanha o caso do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, 35, com três facadas na última quarta-feira, 12 de fevereiro. Sites como Metrópoles, Correio Braziliense, Folha de São Paulo e G1 publicaram sobre a morte.
A imprensa nacional está repercutindo o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassinada pelo ex-noivo Caio Nascimento, 35, com três facadas. O caso ganhou destaque em veículos como Metrópoles, Correio Braziliense, Folha de São Paulo e G1, que também divulgaram áudios da vítima criticando o atendimento da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. A morte de Vanessa gerou comoção e reações de políticos e entidades que reforçam a necessidade de medidas contra a violência de gênero. A jornalista era conhecida por seu trabalho em comunicação e presença ativa nas redes sociais.
Eles também repercutiram sobre os áudios da jornalista mostrando insatisfação com o atendimento da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). As publicações começaram no dia 13 de fevereiro e até a Revista Veja detalhou o caso, afirmando que “de acordo com a imprensa local, Pereira se apresentava nas redes sociais como um “homem de Deus””.
O Jornal Folha de São Paulo relembrou que “o assassinato de Vanessa gerou forte comoção. Políticos, autoridades e entidades se manifestaram lamentando o crime e reforçando a necessidade de medidas mais eficazes no combate à violência contra a mulher.”
Pelo site Metrópoles, a coluna de Fábia Oliveira tentou traçar um perfil da jornalista, mostrado que “na bio do perfil, o nome de Caio seguido dos emojis de coração e anel. Ela também se classificava como estrategista de comunicação, criadora de conteúdos e narrativas com o coração, além de arquiteta das palavras e dos sentidos.”...
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Áudios revelam falhas da polícia antes de feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte em MS
Kimberly Caroline
15 fev 2025 -
Mensagens gravadas pela jornalista Vanessa Ricarte antes de ser assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, na última quarta-feira (12), apontam falhas no atendimento prestado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande. Vanessa precisou fugir do cárcere privado para pedir ajuda e foi morta horas depois de solicitar medida protetiva na Delegacia da Mulher. Os áudios gravados pela vítima contradizem a versão oficial divulgada pela polícia sobre a assistência que ela buscou horas antes do crime.
Vanessa Ricarte foi morta aos 42 anos
O que dizem os áudios de Vanessa?
Nas mensagens enviadas a amigas, Vanessa relatou que esperava conseguir o apoio da polícia para retirar o ex-noivo de casa, mas não teve escolta. "O jeito que ela me tratou foi bem prolixo. Bem fria e seca", afirmou sobre o atendimento na Casa da Mulher Brasileira. Confira o áudio:
A jornalista conseguiu uma medida protetiva contra Caio, mas voltou para casa sem acompanhamento policial. Pouco depois, ao tentar entrar na residência, foi morta com três facadas. O agressor já tinha um histórico de ocorrências por violência doméstica. Em um dos casos, uma ex-namorada foi parar na Santa Casa depois de ser agredida pelo músico. A ex-namorada agredida teve queimaduras no rosto e braços, do que parecia ser fricção no asfalto. Caio Nascimento foi preso em flagrante pela Polícia Militar na quarta-feira.
Em entrevista coletiva, a delegada Eliane Benicasa, titular da Deam, declarou que a escolta policial foi oferecida, mas teria sido recusada pela vítima. Segundo os áudios, Vanessa afirmou o contrário.
Posicionamento da polícia
Durante a coletiva, Eliane Benicasa reconheceu que houve demora no atendimento, mas atribuiu o problema a trâmites judiciais. "Não foi falta de agilidade na prestação do serviço, mas precisamos aprimorar a agilidade, no que diz respeito a trâmites judiciais nas medidas protetivas", declarou.
Os áudios também revelam a insatisfação da vítima com a forma como foi tratada. Segundo ela, uma delegada se recusou a comentar o histórico de agressões do ex-noivo e afirmou que Vanessa já tinha conhecimento do comportamento violento dele.
"Eu, que tenho instrução, escolaridade, fui tratada desta maneira. Imagina uma mulher vulnerável… essas que são mortas", disse Vanessa em uma das mensagens. "Tudo protege o cara, o agressor", resumiu.
Outra delegada, ouvida pela reportagem do site Mídia Max sob anonimato, avaliou as declarações como preocupantes. Para ela, o atendimento prestado deveria priorizar o acolhimento e a segurança da vítima. "A frase, no tom como Vanessa relata, indica erros graves e inadmissíveis na conduta de uma delegada de polícia. Puxa. Ela é a servidora que deveria ser especializada na acolhida de vítimas mulheres na situação de vulnerabilidade que a violência doméstica configura. Falando como Vanessa contou que ela falou, ela sutilmente leva as mulheres a se sentirem sob julgamento", pontuou a delegada.