A globalização faz com que a alimentação seja apenas uma necessidade básica e deixe de ser uma forma de promover o bem-estar coletivo e a sustentabilidade global.

 

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Por Evelyn Ludovina Foto Alexandre de Moraes - Universidade Federal do Pará

Do quintal de casa às ilhas que circundam a cidade, a agricultura se faz presente na realidade da capital paraense. Uma produção que pode atender desde o consumo próprio até a comercialização em maior escala. Nesse cenário, Belém também tem se destacado como palco de diversos movimentos sociais em torno da alimentação, por isso o chamado ativismo alimentar vem ganhando cada vez mais espaço, incentivando não apenas a produção de alimentos em regiões urbanas, como também mais reflexões sobre a importância de um consumo alimentar político.

Tanto a agricultura urbana e periurbana quanto o ativismo alimentar buscam incentivar um consumo de alimentos com menos agrotóxicos e fertilizantes químicos, criticando cadeias agroalimentares hegemônicas e buscando construir sistemas mais democráticos, saudáveis, sustentáveis, éticos e de melhor qualidade. Foi à luz desse tema que a discente do curso de Nutrição da Universidade Federal do Pará (UFPA) Maria Lorrane Lopes Conde desenvolveu uma pesquisa de iniciação científica intitulada Agricultura urbana e periurbana: uma análise de experiências com enfoque no ativismo alimentar em Belém do Pará.

Com orientação de Monique Medeiros, docente do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf), essa pesquisa explica que o agronegócio faz parte do sistema agroalimentar hegemônico e que, por buscar uma alta produtividade, produz alimentos de muita durabilidade, mas de baixa qualidade e valor nutricional, o que gera uma concentração de renda e impacta o meio ambiente.

Tal estudo mostra, por um lado, como fatores econômicos, sociais e educacionais colaboram para a insegurança alimentar existente na sociedade e, por outro, como a agroecologia e o ativismo alimentar podem ser meios de resistência ao sistema agroalimentar dominante e ao nutricídio contemporâneo.

“Llaila Afrika define ‘nutricídio’ como o impacto negativo das escolhas alimentares inadequadas na saúde”, explica Maria Lorrane Conde.
“Vivemos em uma realidade em que há um número expressivo de pessoas em situação de desnutrição, obesidade e sob complicações das mudanças climáticas. Eu acredito que esteja tudo muito relacionado. Como as pessoas foram condicionadas a se alimentar desse sistema hegemônico, consomem alimentos mais baratos, mas com um valor nutricional muito baixo. Uma vez que submetidas à Sindemia Global da desnutrição, obesidade e mudanças climáticas, o cenário não contribui para que elas tenham poder e acesso a uma alimentação livre de agrotóxicos”, destaca.

Agricultura e ativismo alimentar para além da saúde

Segundo a pesquisa, a globalização faz com que a alimentação seja apenas uma necessidade básica e deixe de ser uma forma de promover o bem-estar coletivo e a sustentabilidade global. Além disso, evidencia a separação da experiência gastronômica de seu contexto cultural, menosprezando as singularidades expressas na culinária local.

Para a jovem pesquisadora, o estudo mostra como a agricultura urbana e o ativismo alimentar trazem muitos outros benefícios que vão além da saúde. “Falar sobre a produção de alimentos limpos e sem agrotóxicos é falar sobre uma agricultura realmente sustentável. Nunca esqueço a fala de uma agricultora, a dona Teo, que visitamos no Assentamento Mártires de Abril, em Mosqueiro”, recorda. “Ela disse que, quando plantamos, estamos produzindo vida. O produzir agroecológico é um dos principais movimentos dentro do processo de produção e uma manifestação que contribui beneficamente para quem vai receber aqueles produtos posteriormente”, defende.

O trabalho conclui que, ao abordar as complexidades dos ativismos alimentares amazônicos, essas pesquisas têm o potencial de impulsionar esforços mais eficazes em prol da sustentabilidade ambiental, justiça alimentar e preservação sociocultural das comunidades da Amazônia.

Sobre a pesquisadora: Maria Lorrane tem 24 anos e está concluindo o curso de Nutrição. Para as meninas que pretendem seguir a área de pesquisa, ela diz que é importante criar uma boa rede de apoio. “Estejam juntas com quem está contribuindo para a sua formação.  Apesar de estarmos à frente das nossas conquistas, elas não são feitas só da gente, existem muitas pessoas por trás de todo o processo. A jornada acadêmica não precisa ser uma jornada solitária”, aconselha.

Sobre a pesquisa: Este estudo foi apresentado ao XXXIV Seminário de Iniciação Científica da UFPA, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) e contemplado pelo Edital Pibic Verão Destaque na Iniciação Científica da UFPA (edição 2023) como representante da área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. A orientação foi da professora Monique Medeiros (Ineaf/UFPA), com financiamento Pibic/CNPq.

Edição Edmê Gomes Paixão

Beira do Rio edição 169

 

fonte: https://www.beiradorio.ufpa.br/exclusivo/758-mulheres-e-meninas-na-ciencia


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