Quase lá: Por que Nísia Trindade caiu

Ministra iniciou resgate do SUS após devastação bolsonarista e lançou políticas inovadoras. Mas seu rigor não combinava com governança baseada em acertos com Centrão. Padilha terá trabalho árduo para evitar lógica do balcão de negócios

OutraSaúde - Outras Palavras

27.fev.2025 às 21h52

Thales Alves/MS

 

Nísia Trindade foi aplaudida de pé ao terminar sua fala naquele que foi o último evento público antes de sua demissão oficial do cargo de ministra da Saúde. Anunciava uma parceria entre o governo federal e o Instituto Butantan, para ampliar a produção de vacinas contra a dengue e imunizar toda a população elegível até 2027. O clima não era de despedida, embora sua saída fosse certa. Teria o evento servido para amenizar os desgastes que a ministra sofreu nas últimas semanas?

As primeiras notícias mais concretas sobre a substituição de Nísia começaram a aparecer na última quinta-feira (20). Segundo fontes anônimas dos principais jornais da mídia comercial, Lula já estava decidido a trocá-la. Apenas refletia se escolheria Arthur Chioro, atual presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ou Alexandre Padilha, então ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais. Os dois foram ministros da Saúde no governo Dilma. O presidente optou pelo segundo, em decisão anunciada ontem em nota oficial bastante diminuta.

O fato de que Nísia não havia sido informada da decisão do presidente, e que ficou sabendo dela pelos jornais, incomodou. O 8M, um coletivo de servidoras, alunas e colaboradoras da Fiocruz, lançou uma campanha pedindo respeito à primeira mulher à frente do Ministério da Saúde. “Rejeitamos o assédio, a desqualificação e a inferiorização permanentes de mulheres em posição de poder, e a exigência de que tenhamos condutas masculinas nos espaços de decisão”, escreveram.

Em entrevista a Bernardo Mello Franco, do Globo, o ex-ministro José Gomes Temporão considerou “cruel” e “desrespeitosa” a má condução desse início de reforma ministerial. Para ele, “o que aconteceu nas últimas duas semanas foi muito ruim. O presidente pode trocar quem quiser, mas a forma como isso ocorreu não condiz com a coragem e com o desempenho que ela teve no ministério”. Ele lembra que Nísia foi responsável por reerguer a pasta após anos de destruição pela equipe de Jair Bolsonaro.

“Uma perda significativa, por várias razões”, declarou Paulo Capel Narvai, professor titular sênior de Saúde Pública na USP, ao Outra Saúde. “Primeiramente, por sua competência, demonstrada em sua trajetória profissional e comprovada nesses dois anos à frente do Ministério da Saúde e no comando nacional do Sistema Único de Saúde.” Ao recapitular a lista de ocupantes na história da pasta, ele atesta que Nísia foi uma das melhores à frente do cargo.

Sônia Fleury, sanitarista e doutora em ciência política, em entrevista ao programa Outra Manhã, concorda que a ministra teve um papel crucial. Destacou, em primeiro lugar, as ações de Nísia para o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), que chamou de “carro-chefe” do ministério. 

“Houve um impulso importante, e hoje essa área consegue juntar ciência, tecnologia, nova industrialização, financiamento público, articulação com setor privado, e produção de fármacos.” Sonia também cita os esforços para a digitalização da saúde, a telemedicina e a atenção aos cuidados paliativos como novidades importantes da gestão.

Havia crise no ministério de Nísia?

A ministra da Saúde do governo Lula 3 encontrou um cenário de terra arrasada ao tomar posse no início de 2023. Ainda assim, foi competente em retomar alguns dos principais programas de outros governos – Farmácia Popular, Programa Nacional de Imunizações e Mais Médicos são os com maior destaque. A pasta tem como foco, hoje, o Mais Acesso a Especialistas, que busca ampliar a atenção especializada com mais consultas, exames e outros procedimentos diagnósticos e terapêuticos.

Mas coube a Nísia Trindade estar à frente do comando do SUS no momento em que a epidemia de dengue recrudesce – em especial no Brasil, mas por todo o mundo. O problema é complexo e envolve soluções de muitos níveis, da vacinação à coleta de lixo. Abriu-se, então, uma brecha para as críticas à sua condução. Sonia Fleury alerta: “Essas questões são apresentadas agora como culpa do Ministério da Saúde e não como problemas que nós enfrentamos há décadas e que mereceriam ser melhor tratados, inclusive para que a população soubesse como isso está sendo feito”. 

“É evidentemente exagerado pedir que a ministra Nísia, ou qualquer outro ministro, ‘resolva o problema’ da dengue, no Brasil, em dois anos”, concorda Paulo Capel Narvai. Ela fez muito do que estava a seu alcance: comprou a maior parte das doses da única vacina atualmente aprovada pela Anvisa para prevenir a doença. Investiu R$1,5 bilhão entre 2023 e 2024 nas estratégias de controle, que incluem o uso de diferentes tecnologias para conter a proliferação do mosquito e o fortalecimento do sistema de saúde.

Para Paulo, “a estratégia adotada pelo MS, nos limites da competência da pasta, foi apropriada à situação brasileira. Essa estratégia vem sendo, contudo, muito prejudicada pela farra das emendas parlamentares, que atrapalham o planejamento e a organização do SUS e prejudicam a população”. Ele toca em um ponto central: o Ministério da Saúde, que tem o maior orçamento da Esplanada, é alvo de enorme cobiça de políticos do “Centrão”.

Os acordos e a “governabilidade”

A mídia comercial e seus colunistas atribuem a Nísia Trindade, além da dita “má gestão” da epidemia de dengue, uma falta de abertura de diálogo com parlamentares. Sonia Fleury contesta: “Na verdade, o que está por trás de tudo isso são questões políticas, acordos em busca de uma governança entre o parlamento e o governo”. Ela questiona o rumo de Lula 3 e seu slogan União e Reconstrução: “essa ideia é complexa e às vezes contraditória, porque se você unir demais, fica tudo do mesmo jeito. E se só reconstrói, também não caminha adiante”.

O principal entrave para o Ministério da Saúde parece ser justamente o controle de seu orçamento pelas emendas parlamentares, que são utilizadas por políticos sem compromisso com as diretrizes dadas pelo governo para o SUS. Hoje, um quinto do que a União pode gastar está sob controle do Congresso. O governo fica de mãos atadas e, ao não confrontar essa lógica, paralisa. 

Para Sonia, “um presidente muito fragilizado entra nessa negociação muito mal. A negociação em si já não garante mais que o acordo feito vai ser cumprido pelas bases. Na hora de votar, cada um vota como quer”, porque, desde o impeachment de Dilma em 2016, o presidencialismo de coalizão não funciona mais. 

“Mais do que a comunicação”, continua a sanitarista, “o que precisa existir é uma linha decisória estratégica, um programa de governo. Qual é o programa? Se o governo está enfraquecido, não tem popularidade, ele vai entrar fraco nas negociações. Agora, também ele entra fraco se não tiver uma linha, porque aí tem que aceitar qualquer negociação possível”.

Paulo Capel Narvai segue no mesmo caminho: “Eu costumo dizer que não há solução administrativa para problemas políticos, pois o que resolve problemas políticos é a ação política. Sem ação política de quem defende direitos sociais, de quem defende o SUS, prevalecerão as ações políticas de quem se opõe a direitos e ao SUS”.

A Saúde como saída para um governo enfraquecido

Ficou claro, com as notícias das últimas semanas, que há uma tentativa de enfraquecimento do governo que passa também por questionar as ações feitas na Saúde, reflete Sonia. “E o governo Lula não se deu conta de que a área de saúde, sendo prioritária para cada pessoa, seria um palanque importante de mobilização política, de construção de uma nova forma política e de relação com a sociedade.”

Fala-se que Lula estaria descontente com Nísia Trindade pela falta de uma “marca” em sua gestão. Mas Paulo considera que o próprio SUS deveria ser considerado essa grande marca. Faltaria uma compreensão do governo de que investimentos na Saúde podem trazer mudanças importantes na vida da população para que ela volte a apoiá-lo. 

Além disso, explica Sonia, a mobilização pelo SUS continua ativa, e poderia agir a seu favor: “Eu creio que a área de saúde se distingue muito das demais, porque continua mobilizada. Acho que isso é que o governo não entendeu, é que essa potência da mobilização que persiste no movimento sanitário, na Frente pela Vida, na Abrasco, no Cebes – a capacidade de mobilização da área de saúde é incomum nesse país”.

Sonia vai além: para ela, o momento histórico, em especial com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, abre espaço para o Brasil ocupar um novo papel, inclusive na saúde global. “Este era um momento para estar fortalecendo o Ministério da Saúde e as instituições como a Fiocruz, que podem ter um papel fundamental na relação Sul-Sul, em ocupar esse espaço que está sendo deixado vazio.”

O grande desafio de Alexandre Padilha

Alexandre Padilha é médico, doutor em Saúde Coletiva e deputado federal pelo PT. Foi ministro da Saúde entre 2011 e 2014. Durante sua gestão que o programa Mais Médicos foi lançado. Sua posse está prevista para 6 de março. Paulo Capel Narvai comenta sua entrada: “Padilha é um político calejado e um administrador público competente. Sua gestão ministerial na saúde e como secretário municipal de São Paulo comprovam essas qualidades. Mas, contra o centrão, ninguém nunca está suficientemente blindado”.

Sonia Fleury preocupa-se com um possível caráter liberalizante com Padilha à frente da Saúde – não simplesmente por sua figura, mas porque o momento parece indicar esse movimento. “Se o governo hoje está buscando mudar para evitar tensionamento com o Parlamento, essa mudança poderia ir nesse sentido, o que é péssimo. Ter o Judiciário assumindo um papel cada vez mais político, enquanto o governo se isenta desse papel – porque está sequestrado por esse arranjo de governança.”

“Padilha terá de conter as investidas do Centrão sobre o orçamento da saúde, e lutar bastante para proteger e ampliar esse orçamento”, lista Paulo. “Terá de enfrentar o subfinanciamento crônico do SUS e o impacto desorganizador de emendas parlamentares sobre o planejamento setorial.” Terá o papel, ainda, de fortalecer os Conselhos de Saúde, desde o nível local até o nacional, que são “indispensáveis para que o SUS não se transforme num balcão de negócios, pois como dizem os movimentos sociais, ‘saúde não é mercadoria’”. Indica: “seu trabalho não será nada fácil”.

Artigo original publicado em Outras Palavras.

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2025/02/27/por-que-nisia-trindade-caiu/

 

Assédio moral entre discurso e prática: a queda de Nísia Trindade

Se o Planalto deseja combater assédios e discriminação, precisa começar por suas próprias atitudes

Janaína Penalva

27/02/2025|17:20 - JOTA.INFO
Nísia
Lula conversa com a então ministra da Saúde, Nísia Trindade / Crédito: José Cruz/Agência Brasil

A recente demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde não foi apenas mais uma mudança no quadro ministerial do governo Lula. O modo como o governo e o próprio presidente conduziram essa demissão, em meio a um longo processo de esvaziamento de poderes, escancarou contradições graves no discurso. Em vez de respeitar a dignidade de quem ocupava um posto tão estratégico, a condução do episódio evidencia a distância entre o discurso oficial e a prática.

O governo Lula chegou ao poder com imenso apoio das mulheres e com a promessa de ser um exemplo na luta contra os assédios e discriminações. Lançou o Guia Lilás, criou o Programa Federal de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios e da Discriminação, realizou treinamentos e campanhas de conscientização para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

No entanto, o caso de Nísia deixa evidente que a isonomia de gênero precisa ser assumida no alto escalão. Sem comunicação clara e com atitudes hostis, expondo a ministra a críticas públicas, constrangimentos e humilhações prolongadas, a forma como a demissão se deu contraria frontalmente todas as diretrizes vigentes para prevenção e enfrentamento do assédio moral na Administração Pública federal, estabelecidas pelo próprio governo, e revela uma cultura de misoginia e violência política de gênero que ainda persiste na cúpula do poder.

O episódio envolvendo Nísia mostra que o “tom que vem do topo” – fundamental para transmitir os valores da organização, transformar sua cultura e garantir direitos – não correspondeu ao discurso oficial. Enquanto as normas e campanhas dizem proteger as mulheres dos assédios e discriminação, a ação concreta foi a manutenção de um ambiente tóxico e inseguro para uma mulher em um posto de liderança estratégica.

O assédio moral de gênero

Ocorre que a "fritura" da ministra não foi apenas uma situação comum decorrente do jogo político ou um mero ato deselegante, tampouco uma odiosa falta de respeito e de cuidado com a mulher Nísia Trindade. Foi um processo prolongado de desqualificação pública, marcado por críticas constantes, boatos de demissão e pressões veladas.

Sob a ótica jurídica, essa prática se enquadra claramente no conceito de assédio moral, definido pela Portaria MGI 6.719, de 13 de setembro de 2024, como “conduta praticada no ambiente de trabalho, por meio de gestos, palavras faladas ou escritas ou comportamentos que exponham a pessoa a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de lhes causar ofensa à personalidade, à dignidade e à integridade psíquica ou física, degradando o clima de trabalho e colocando em risco sua vida profissional”.

Esse conceito decorre da Convenção 190 da OIT, que trata a violência e o assédio no trabalho como violações fundamentais dos direitos humanos e está em processo de ratificação pelo Brasil, iniciado em 2023 por proposta do atual governo, mas ainda pendente de apreciação pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Portanto, submeter a ministra a uma “fritura” sistemática contradiz diretamente o arcabouço normativo e a agenda que o governo Lula diz promover. Com efeito, ao expor a ministra a críticas injustas e reiteradas e a sucessivas ameaças de demissão pela imprensa, a alta cúpula deixou de seguir aquilo que promulgara.  Não foram meros boatos ou cobranças pontuais, mas um contexto de desqualificação reiterada.

Se um servidor ou servidora do governo federal fosse submetido a esse tipo de pressão por seu chefe imediato, haveria sólida argumentação, no âmbito de um processo disciplinar, de que se estaria diante de um episódio de assédio moral clássico: exclusão, pressão psicológica prolongada, exposição negativa e ridicularização pública com o objetivo de forçar uma saída “por cansaço” ou justificada por incompatibilidades ou suposta incompetência ou ineficiência.

Caso a situação vivida pela ex-ministra ocorresse num ambiente empresarial, não haveria dúvidas: a trabalhadora poderia denunciar a empresa no Ministério Público do Trabalho, pleitear reparação por danos morais e, possivelmente, configurar a rescisão indireta do contrato, dado o tratamento vexatório.

No caso de Nísia, há ainda dois elementos que agravam a situação: gênero como fator de vulnerabilidade, na medida em que a ministra foi, desde o início, alvo constante de críticas misóginas e questionamentos sobre sua liderança e competência que dificilmente seriam dirigidos a um homem.

A exigência de que ela "falasse grosso" em uma reunião ministerial é um exemplo claro de como as mulheres são covardemente cobradas a adotar comportamentos masculinos autoritários para serem respeitadas. Não é demais lembrar que, nesse episódio, tamanha a pressão e desrespeito à dignidade da mulher que sofreu, Nísia chegou a deixar a reunião em prantos e abalada.

Outro elemento foi a campanha prolongada de desqualificação, que gerou um estado de incerteza acerca da manutenção de Nísia no ministério, com ameaças constantes de demissão e críticas públicas, criando um ambiente de trabalho tóxico, inseguro e doentio, que submeteu a ministra a uma violência psicológica permanente. Conforme largamente apontado pela literatura especializada, isso pode causar profundo sofrimento, provocar danos à saúde mental e atuar como agente etiológico causador de graves doenças psíquicas, muitas vezes nunca curadas.

O problema se agrava quando se constata que a demissão de Nísia Trindade não foi apenas um caso isolado de assédio moral. Foi também um ato de violência política de gênero, que intimida e desestimula outras mulheres a assumirem posições de destaque, principalmente aquelas de natureza mais política, alimentando a desigualdade de gênero na Administração Pública, fragilizando as políticas de equidade e perpetuando a sub-representação feminina nos espaços de poder.

Ao desqualificar publicamente uma ministra competente, experiente e respeitada, o governo enviou uma mensagem clara que tem efeitos concretos: mulheres em posições de poder estão sujeitas a serem, a todo momento, intimidadas, constrangidas, ofendidas e “fritadas”, ou seja, vítimas de assédio moral e discriminação e, portanto, expostas a altos riscos de sofrimento e adoecimento mental se não se adequarem aos estereótipos patriarcais de liderança.

O assédio moral praticado contra mulheres no poder também desencoraja a denúncia – se uma ministra não encontrou respaldo no auge de sua exposição política, como esperar que demais servidoras ou funcionárias terceirizadas tenham coragem de relatar assédios – e reforça o machismo institucional ao normalizar práticas de silenciamento e constrangimento, dificultando mudanças culturais necessárias na administração para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todas as mulheres.

Além disso, a incoerência entre o discurso e a prática do governo mina a credibilidade das políticas de prevenção aos assédios e à discriminação, tornando-as meras declarações de intenção.

Oportunidade perdida e ameaça persistente

O caso de Nísia é, portanto, um alerta para o governo Lula, pois ilustra, de forma contundente, como as políticas de combate ao assédio moral podem naufragar quando a própria cúpula governamental contradiz o discurso oficial. Se o Planalto deseja realmente combater os assédios e a discriminação, no âmbito da Administração Pública, precisa começar por suas próprias atitudes, que servem de referência não só para toda a administração federal, mas também como exemplo às demais esferas governamentais e ao setor privado.

Leis, decretos e campanhas de conscientização são importantes, mas não serão suficientes se as práticas no topo do poder continuarem a contradizer o discurso oficial, que apregoa respeito às mulheres, enquanto a realidade mostra que a proteção à dignidade feminina e o combate a agressões institucionais pouco valem quando colidem com conveniências de poder.

Para mudar essa realidade, é necessário que o governo não apenas cumpra com a isonomia de gênero a que se compromete, como responsabilize aqueles que promovem práticas de assédio e preconceito. Até que haja coerência entre o discurso e as ações, outras mulheres seguirão vulneráveis, desencorajadas a ocupar cargos que, por direito, deveriam ser de livre acesso a todas, sem que isso signifique o risco de assédio moral.logo-jota

Janaína Penalva

Professora da Faculdade de Direito da UnB

fonte:https://www.jota.info/artigos/assedio-moral-entre-discurso-e-pratica-a-queda-de-nisia-trindade

 

Nísia Trindade se pronuncia pela primeira vez após demissão do Ministério da Saúde: 'frutos que amadurecem'

Demissão foi oficializada pelo presidente Lula na última terça-feira (25)

Diário do Nordeste
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
 
(Atualizado às 23:27)

Após demissão, a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez o primeiro pronunciamento sobre seu trabalho na noite desta quarta-feira (26). Nas redes sociais, ela destacou que sua atuação foi marcada pela busca da reconstrução do Ministério da Saúde, que se encontrava em um cenário de desmonte quando assumiu a tarefa. Apesar das dificuldades, avalia ter deixado "frutos que amadurecem". 

Nísia foi demitida por Lula na última terça-feira (25), depois de uma reunião entre os dois. A Pasta passará a ser comandada por Alexandre Padilha, que estava à frente da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). A posse está marcada para dia 6 de março

Nísia 2
Legenda: Nísia compartilhou diversos registros durante o tempo de atuação na pasta
Foto: Reprodução/Instagram

Sobre o Ministério, declarou: "ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS após a terrível experiência das 700 mil mortes por Covid-19 na pandemia (...) Encontramos mais de 4,5 mil UBS instaladas que aguardavam o credenciamento havia quatro anos, mais de 4 mil obras paralisadas, inúmeros leitos de UTI não cadastrados, entre tantas outras mazelas deixadas pela gestão passada".

Em sua busca pela reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), Nísia destacou ter reforçado alguns programas e áreas, como: Mais Médicos, Farmácia Popular, Samu, SUS Digital, Saúde da Família, e Programa de Redução de Filas. 

 
"Os frutos da saúde amadurecem com o tempo e a consistência. Certamente, o ministro Alexandre Padilha saberá dar continuidade e aprimorar esse trabalho com a competência que já demonstrou, renovando o plantio".
Nísia Trindade
Ex-ministra da Saúde

Ela ainda agradeceu às manifestações de apoio que recebeu e ao presidente Lula pela oportunidade de estar nessa função. 

Nísia atuou como Ministra da Saúde
Legenda: Nísia agradeceu ao presidente Lula pela oportunidade
Foto: Reprodução/Instagram

A mudança dá início à reforma ministerial que vem sendo ventilada por aliados do presidente nas últimas semanas. Em janeiro, Lula já tinha substituído o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

Confira nota na íntegra

"Encontrei o Ministério da Saúde desmontado e desacreditado. Ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS após a terrível experiência das 700 mil mortes por Covid-19 na pandemia. Em nosso trabalho de reconstrução, encontramos mais de 4,5 mil UBS instaladas que aguardavam o credenciamento havia quatro anos, mais de 4 mil obras paralisadas, inúmeros leitos de UTI não cadastrados, entre tantas outras mazelas deixadas pela gestão passada.

A tarefa de reconstrução do SUS envolveu avanços e inovação. Assim, mais que dobramos o Mais Médicos com novos incentivos, ampliamos o Farmácia Popular, investimos no Samu para cobrir 100% do país até 2026, incluindo helicópteros — algo que se mostrou providencial na catástrofe no Rio Grande do Sul —, reestabelecemos o cuidado do Governo Federal com a saúde indígena e estruturamos o Mais Acesso a Especialistas, integrando SUS Digital, Saúde da Família e Programa de Redução de Filas, entre outros avanços fundamentais.

Na vacinação, revertemos a tendência de queda dos oito anos anteriores, ampliando a cobertura de 15 das 16 vacinas infantis, reconquistamos o certificado de país livre do sarampo e retiramos o Brasil da vergonhosa lista de países que menos vacinam suas crianças. Em 2025, reduzimos em mais de 60% o número de casos de dengue em comparação ao mesmo período do ano passado.

Deixamos frutos que amadurecem: só nestes primeiros meses do ano, anunciamos o recorde histórico de cirurgias no SUS — 14 milhões — , a parceria com o Instituto Butantan para a vacina nacional contra a dengue, o Farmácia Popular 100% gratuito, a reestruturação dos hospitais federais, o investimento recorde em laboratórios públicos e a incorporação e produção da vacina contra a bronquiolite, uma das principais causas de infecções respiratórias graves, que irá proteger cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida.

Os frutos da saúde amadurecem com o tempo e a consistência. Certamente, o ministro Alexandre Padilha saberá dar continuidade e aprimorar esse trabalho com a competência que já demonstrou, renovando o plantio.

Agradeço às muitas manifestações de apoio de tantas pessoas que, em suas áreas, se dedicam a construir um país melhor. Agradeço ao presidente Lula pela oportunidade e à equipe do Ministério da Saúde pelo trabalho incansável.

Reconstruímos porque avançamos, mesmo diante de imensos desafios. Saio com a certeza de dever cumprido, como alguém que se dedicou e estudou o Brasil e suas desigualdades, e enfrentou tantos desafios, desde a presidência da Fiocruz, em uma oportunidade única de servir ao meu país e contribuir com a saúde da população e o fortalecimento do SUS".

Veja também

fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/nisia-trindade-se-pronuncia-pela-primeira-vez-apos-demissao-do-ministerio-da-saude-frutos-que-amadurecem-1.3624073

 

Lula diz que trocou Nísia por Padilha por mais “agressividade”

Nísia Trindade era alvo de críticas frequentes em decorrência da gestão adotada à frente do Ministério da Saúde

 Metrópoles

 
Hugo Barreto/Metrópoles
 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (27/2), que a troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde ocorreu por buscar um perfil mais agressivo no comando da pasta. A ministra permanecerá no cargo até 6 de março.

“Nísia era uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade, mais agilidade, mais rapidez; por isso estou fazendo algumas trocas”, disse o petista em entrevista ao Balanço Geral Litoral, da Record.

 

Entenda

  • Lula anunciou a substituição de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no comando do Ministério da Saúde, buscando um perfil mais agressivo e ágil.
  • O presidente indicou que novas mudanças devem ocorrer no primeiro escalão do governo, mas os anúncios serão feitos após o Carnaval.
  • Com a nomeação de Padilha para o Ministério da Saúde, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação política, ficará vaga.
  • Entre os cotados para vaga de Padilha estão José Guimarães (PT-CE), Jaques Wagner (PT-BA) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).

A ministra da Saúde era alvo frequente de críticas, em especial por membros do Congresso Nacional. A pasta de Nísia recebe 50% das emendas individuais indicadas por deputados e senadores, mas os parlamentares alegavam que havia uma baixa interlocução com o ministério.

Nísia Trindade foi um dos nomes técnicos indicados pelo presidente Lula para ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios. Ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia enfrentou diversas crises ao longo da gestão, como colapso na saúde Yanomami e alta nos casos de dengue.

 

Reforma ministerial

Ainda em entrevista à emissora de São Paulo, Lula afirmou que vai informar os nomes dos próximos indicados para o primeiro escalão do governo depois do Carnaval. A troca no Ministério da Saúde deu o ponta pé na reforma ministerial ensaiada pelo Palácio do Planalto nas últimas semanas.

“Não quero que a pessoa saiba que vai ser ministro pela Record, vou ter que fazer reforma, mexer no governo, mas com muito cuidado, como técnico de futebol”, pontuou o chefe do Executivo.

fonte: https://www.metropoles.com/brasil/lula-diz-que-trocou-nisia-por-padilha-por-mais-agressividade

 

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

legalizar aborto

nosso voto2

...