Quase lá: Encabeçando poucas chapas, mulheres podem vencer em apenas 2 dos 26 estados

De acordo com última pesquisa do Ipec, as candidatas mulheres aparecem na liderança em quatro estados e na capital federal. Elas aparecem bem pontuadas nas disputas do Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e no DF. Em 2018, Fátima Bezerra (PT) foi a única mulher eleita em todo o Brasil para governar um estado

 

 

28/09/2022 08:00 - Estado de Minas

 

retrato de Raquel Lyra, Fátima Bezerra, Leila do Vôlei, Marília Arraes, Tersa Surita e Márcia Pinheiro
Raquel Lyra, Fátima Bezerra, Leila do Vôlei, Marília Arraes, Tersa Surita e Márcia Pinheiro(foto: Redes sociais/montagem)

 

O número de mulheres eleitas para governar os estados brasileiros pode aumentar de maneira muito tímida nestas eleições. Entre os 26 estados e o Distrito Fedral, as mulheres aparecem bem pontuadas em apenas quatro e na capital federal, de acordo com pesquisa de intenção de votos, divulgada em 24 de setembro pelo Ipec, com margem de erro de três pontos para cima ou para baixo.
 
Essa quadro é reflexo da estratégia dos partidos que optaram por candidaturas masculinas na maior parte e chapas compostas apenas por homens. Chapas com duas mulheres são raríssimas, como é o caso da candidatura ao governo de Minas pelo partido Unidade Popular, que tem Indira Xavier e Edna Gonçalves, respectivamente como candidata ao governadora e vice. O PSOL também optou por chapa formada por duas mulheres: Lorene Figueiredo e Ana Azzevedo.
 
O número de mulheres que ocupam cargos no executivo é muito baixo no Brasil e deve aumentar pouco nos governos estaduais neste pleito. A doutora em ciência política e pesquisadora da Universidade de Cardiff Larissa Peixoto avalia que a baixa presença de mulheres se deve à competitividade alta para ocupar esses cargos dentro do partido. "Existe uma competição interna muito grande para ser candidatos a esses cargos, que tem um número de vagas muito menor do que para o legislativo", afirma.
 
De maneira geral, os partidos adotaram uma estratégia de colocar as mulheres apenas como vice nas chapas. Na avaliação da cientista política, o objetivo é mostrar que a agremiação é progressista e também uma forma de receber mais recursos dos financiamentos públicos. No entanto, efetivamente, pode não significar avanços em termos de representatividade feminina na política.
 
O número de candidatas ao cargo de vice-governadora é maior do que de mulheres que estão na cabeça de chapa. Em 2014, eram 57 candidatas a vice, número que passou para 82, em 2018, e 94, neste pleito. Já para governadora, em 201, eram 24 candidatas, número que saltou para 31, em 2018, e 38, em 2022. "Para o cargo de governadora, as candidaturas continuam poucas, mas para vice aumentaram. Os partidos fazem uso desse espaço para dizer 'olha, temos mulheres' e dizer que são progressistas", analisa Larissa.  

Duas mulheres podem vencer nos estados 

Elas aparecem bem pontuadas nas disputas do Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e no DF. Em 2018, Fátima Bezerra (PT) foi a única mulher eleita em todo o Brasil para governar um estado. 
 
A petista mantém chances de se reeleger. Em Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade) aparece à frente das pesquisas em um cenário bastante indefinido ainda para o segundo turno. Em Roraima, Teresa Surita (MDB) está em segundo lugar, porém, a pesquisa mostra que a eleição pode ser decidida já no primeiro turno.
 
No Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) lidera com 49%, seguida de Capitão Styvenson (Podemos) com 20%. Em Pernambuco, Marília Arraes mantém a liderança, com 33% das intenções de voto, seguida por Danilo Cabral (PSB),  com 11%, Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil) e Anderson Ferreira (PL), com respectivamente 8%, 13%, 8% e 12%.
 
Em Roraima Teresa Surita (MDB) aparece em segundo lugar, com 37% das intenções de voto, contra o atual governador Antonio Denarium, que tenta a reeleição, e tem 50% das intenções de voto.
 
Na capital federal, Leila do Vôlei tem 9% das intenções de voto, está em terceiro lugar e pode chegar ao segundo turno. No Mato Grosso, Márcia Pinheiro (PV) está em segundo lugar, com 15% das intenções de voto, contra Mauro Mendes (União Brasil), que lidera com 60%. A diferença para o segundo colocado é de 45 pontos percentuais. 

'Ainda é preciso uma grande mudança'

Algumas razões colaboram para a maior parte das candidaturas nos estados brasileiros ser de homens. A pesquisadora aponta a trajetória política dos homens, que costuma ser mais longa do que mulheres, o que faz com que, pela idade, sejam os nomes indicados. Os homens também conseguem acessar as fontes de financimento com mais facilidade. 
 
A mudança na legislação eleitoral nos critérios que definem financiamento resultou em aumento no número de mulheres candidatas a vice-governadoras. "Vimos essas candidaturas crescerem, porque, com candidatura feminina na chapa, o partido pode pleitear mais dinheiro." No entanto, Larissa destaca que podem ser estratégias apenas pró-forma.
 
A pesquisadora afirma que a representatividade nos municípios é similar aos estados. Mulheres estão mais presentes em cidades menores, que não as projetam para cargos mais altos. 
 
"Representatividade das mulheres na política está muito atrás no Brasil. Temos caminho longo a percorrer", diz.  Chapa com duas mulheres é minoria.  "No momento, não temos muita razão para estar otimista com número de mulheres a cargos executivos. Ainda é preciso ter grande mudança no Brasil.
 

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