Filósofa e escritora é a primeira mulher negra a receber o título de Doutora Honoris Causa pela UnB. Num auditório lotado e sob forte comoção, a Universidade de Brasília (UnB) concedeu nesta quarta-feira (21) o título de Doutora Honoris Causa para a filósofa e escritora Sueli Carneiro, uma das principais pensadoras do feminismo negro brasileiro
Num auditório lotado e sob forte comoção, a Universidade de Brasília (UnB) concedeu nesta quarta-feira (21) o título de Doutora Honoris Causa para a filósofa e escritora Sueli Carneiro, uma das principais pensadoras do feminismo negro brasileiro, ativista do movimento antirracista e reconhecida defensora dos direitos humanos. A homenagem foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni) em março deste ano, por unanimidade.
O título é concedido a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. É a primeira primeira vez na história da UnB que uma mulher negra vai receber este diploma.
A recomendação da homenagem a Sueli Carneiro foi feita pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da UnB, após a submissão do memorial de Sueli Carneiro pelos professores Wanderson Flor e Vanessa de Castro.
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Em seu pronunciamento, Sueli Carneiro, bastante emocionada, vinculou o reconhecimento da UnB à sua trajetória intelectual e de luta no movimento negro e de mulheres. "O que torna esse título mais importante para mim é pelo reconhecimento da minha trajetória, ao longo da qual procurei fazer da reflexão intelectual, e da minha escrevivência, uma espada, como convém à uma filha de Ogum que sou. Uma espada com a qual venho esgrimindo no bom combate, pelas causas mais justas da humanidade, que são as conquistas da equidade e igualdade de gênero e de raça".
A filósofa destacou que, ao longo de sua carreira, se ocupou em "desnudar os dispositivos de poder e saber implicados na persistente reprodução da inferioridade social das pessoas negras". Ela ainda pautou a necessidade de uma transformação social profunda no Brasil que elimine o legado perverso do colonialismo no Brasil, que estabeleceu o desenraizamento forçado de milhões de negros africanos, submetidos à escravidão e destituição de memória e de possibilidades de emancipação social.
"É um título que recebo com a humildade de quem o compreende o reconhecimento da justeza das lutas de mulheres e homens negros, que clamam por um novo pacto civilizatório que desaloje os privilégios consagrados de gênero e de raça, que o experimento colonial forjou em todas as dimensões da vida social", observou.
Cotas raciais
Em Brasília, Sueli Carneiro se destacou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) discutiu a constitucionalidade do sistema de reserva de vagas para o ingresso de estudantes negros e negras e indígenas na UnB, em 2012.
Na ocasião, ela falou em defesa das cotas, da democracia, da igualdade e da justiça social. Segundo a UnB, a filósofa também auxiliou na construção epistemológica do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da universidade.
“As muitas gerações de estudantes negras e negros nas universidades que nelas ingressaram por meio de políticas afirmativas encontram em Sueli Carneiro um exemplo de pensamento rigoroso e comprometido com a construção de um mundo mais plural e mais acolhedor; e toda a sociedade brasileira, em seus anseios democráticos e cidadãos, se beneficiam da generosa atuação”, escreveu a professora Danusa Marques, do Instituto de Ciência Política, em seu parecer que recomenda a aprovação do título.
Trajetória intelectual
Sueli Carneiro é fundadora e diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).
Nos últimos 20 anos recebeu diversas honrarias, entre elas o Prêmio Bertha Lutz, menção honrosa no Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth, Prêmio de Direitos Humanos da República Francesa, Prêmio Benedito Galvão, Prêmio Itaú Cultural 30 anos e o Prêmio Especial Vladimir Herzog. Tem um selo editorial que leva o seu nome, criado pela filósofa Djamila Ribeiro.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino
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‘Continuo Preta’: Programa Bem Viver relembra legado da filósofa Sueli Carneiro
Autora da biografia de Sueli conta porque ela é considerada uma das mais importantes intelectuais brasileiras
Ouça o áudio:
Sueli soma 40 anos de ativismo pelo movimento negro
Sueli Carneiro, um nome que enegreceu o feminismo brasileiro. Em pelo menos 40 anos de ativismo, a intelectual negra combinou o trabalho acadêmico com a escrita e ajudou a qualificar políticas públicas e colocar as mulheres como protagonistas do movimento negro.
De olho nesse legado, a edição de hoje (11) do Programa Bem Viver traz uma entrevista especial com a jornalista Bianca Santana, autora do livro “Continuo Preta”, uma biografia da filósofa Sueli Carneiro, uma das maiores intelectuais brasileiras.
Neste ano, Sueli recebeu dois reconhecimentos importantes: foi considerada a personalidade do ano pelo Prêmio Jabuti de Literatura, o mais importante do Brasil e ganhou o título de Honoris Causa da Universidade de Brasília, se tornando a primeira mulher negra a ganhar o prêmio.
CPI no MEC?
A semana em Brasília começa com a seguinte pergunta: haverá mais investigação contra o governo do presidente Jair Bolsonaro? Segundo a oposição, já há assinaturas necessárias para instalar mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar os escândalos no Ministério da Educação (MEC).
São duas acusações principais envolvendo a pasta. A primeira diz respeito a presença de pastores não ligados ao governo que determinariam o destino das verbas da pasta. Segundo denúncia de prefeitos, as negociações se davam por meio de pedidos de propina.
O outro caso diz respeito a um suposto superfaturamento na compra de ônibus escolares pelo MEC. Documentos apontam que havia a intenção de comprar os veículos por R$ 700 milhões a mais que o valor de mercado.
Mesmo com as denúncias e a pressão política, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda não se declarou sobre a necessidade da CPI.
Samba Pernambucano
Já ouviu falar de Samba Pernambucano? O estado é famoso pelo Frevo, mas por vezes essa fama acaba escondendo outras manifestações culturais muito fortes em Pernambuco, como o samba.
Inclusive, muito do estilo que conhecemos hoje tem muito da cultura popular do estado, segundo a produtora cultural Gabi Apolônio, que estuda a história musical de Pernambuco.
Recentemente ela lançou o documentário “Mapeamento dos Fazedores do Samba”, que reúne depoimento de lideranças e artistas do gênero em Pernambuco.
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Edição: Sarah Fernandes