Ao CB.Poder (Correio Braziliense), Paulo Giordano, titular da Vara do Tribunal do Júri de Brasília, disse que o Judiciário e o Ministério Público estão agindo com rigor, mas que existe um contexto cultural arraigado na sociedade
Paulo Giordano, titular da Vara do Tribunal do Júri de Brasília e juiz auxiliar da vice-presidência do TJDFT, foi o entrevistado do CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — desta quarta-feira (20/9). Aos jornalistas Adriana Bernardes e Victor Correia, Giordano comentou o feminicídio e porque a sociedade é rigorosa na hora de punir, mas não na hora de conscientizar. Para o juiz a sociedade não tolera mais esse tipo de crime. “O Judiciário e o Ministério Público vêm agindo com rigor em relação a esses tipos de crime, um ato que não há mais aceitação.
Questionado sobre o fato de que mesmo com tanto rigor no tribunal do júri ainda acontecem muitos casos de feminicídio, Giordano disse que “a ação do Estado nesses casos tem limite. O Estado tem sido rigorosos, mas no caso dos feminicídios em específico, existe um contexto cultural, arraigado ainda na sociedade que é a questão do homem enxergar a mulher como um objeto, algo dele”.
Segundo ele, há uma tendência de melhora a respeito desse cenário machista, porque as novas gerações têm concepções. “A Nova geração tem notado a ascensão da mulher no mercado de trabalho, nos ambientes sociais e isso se reflete até no modo em como eles estão se relacionando.“ Para Giordano, as novas gerações estão sendo educadas por pais mais conscientes, mas também as próprias relações sociais têm mostrado uma melhora cultural. O magistrado acredita que ainda vá levar algum tempo para que o problema seja de alguma forma sanado e não estejamos em uma situação tão alarmante como a atual.
Neste ano, no DF foram pedidos 7.890 medidas protetivas e, desse total, 7.522 foram concedidas. Diante desses números, a jornalista questionou se houve uma mudança do Poder Judiciário nesses casos de violência contra mulher. O magistrado entende que Judiciário é constituído de pessoas que interagem com a sociedade e tem consciência sobre a extensão do problema. ”Isso atinge os juízes e automaticamente os levam a aplicar com mais rigor as medidas tão necessárias para a defesa das mulheres”, respondeu.
Assista aqui a entrevista completa: