Cida Gonçalves anunciou que irá fazer viagens pelo Brasil para "discutir a misoginia". Ao jornal Correio Braziliense, a ministra informou que a prioridade da pasta é a implementação dos serviços especializados que foram anunciados pelo governo federal
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, anunciou a criação da Marcha Nacional das Mulheres contra a Misoginia. A previsão é que seja inaugurada no fim do segundo semestre. A declaração foi feita em discurso no Fórum Nacional de Organismos de Políticas para as Mulheres, nesta quarta-feira (12/4) em Brasília.
"Não é só o número de feminicídios que tem crescido, mas a forma violenta como os crimes acontecem está aumentando. Tudo isso tem nome e é ódio contra as mulheres, que se chama feminicídio", justificou.
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A ministra aproveitou para chamar atenção à violência rotineira que as prefeitas sofrem, sobretudo em campanha, quando são atacadas publicamente pelas suas vidas privadas e não por supostos erros na gestão pública. "Diferentemente dos homens, elas não são chamadas de corruptas, mas de prostitutas, ou é dito que elas não cuidam direito dos filhos", exemplificou.
Em seu discurso, Cida ainda defendeu ser urgente enfrentar o movimento denominado "machosfera", que vem ganhando força nos últimos meses. Trata-se, segundo ela, da reunião de uma comunidade que tem como missão a propagação discurso de ódio, superioridade e aversão às mulheres feita por homens.
"Precisamos enfrentar esse movimento porque 35 mil pessoas estão sendo autorizadas a bater, violentar", afirmou.
Agenda regional
O longo período entre o anúncio e a efetivação da marcha é explicado pela abertura de um ciclo de agendas que a ministra passará a ter com os governadores e prefeitos pelo país, que durará até o fim do primeiro semestre deste ano.
Ao Correio, Cida informou que a prioridade nas conversas será a implementação dos serviços especializados que foram anunciados pelo governo federal no último mês até o momento.
Estarão na pauta as Casas Brasileiras — cuja promessa é de construção de 40 unidades no país —, Centros de Referência, além de se fazer cumprir a lei em relação a ter, em cada estado, delegacias funcionando 24 horas.
Para a ministra, o maior desafio para as delegacias é formar as equipes. “Para manter o plantão é preciso pelo menos de seis a oito delegadas, que devem ser do sexo feminino. Vamos discutir tudo isso com os gestores estaduais e municipais”, garantiu.
Outra pauta versa sobre a autonomia econômica, com formação e qualificação das mulheres, principalmente para inclusão digital.