Governo Lula enfrenta níveis elevados de insegurança no Rio de Janeiro Bahia e São Paulo
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O crime organizado não é um problema só de São Paulo; é um problema que atravessa o Brasil inteiro
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre para apresentar soluções que apaziguem a crise de segurança pública que tem atingido diversos estados brasileiros. Neste episódio do podcast Três por Quatro, os apresentadores Nara Lacerda e Igor Carvalho destacam a escalada da violência em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
"Não são fatos isolados", afirma a socióloga Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado. Segundo ela, as repetidas cenas de violência em diferentes pontos do país, apontam para um problema estrutural.
"O que a crise na segurança pública do Rio e da Bahia, principalmente, mas também de São Paulo, tem em comum é um modelo de segurança pública falido. Um modelo que preza o confronto, que não preza ações de inteligência, ações de investigação, que não é baseado em evidências, e por isso há mais de três décadas tem gerado os mesmos resultados", avalia.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que o Brasil teve cerca de 47,5 mil pessoas mortas por violência em 2022, levando em consideração crimes de homicídio, roubo armado e agressões, entre outros.
Para a especialista do Instituto Fogo Cruzado, "não há trégua" na crise de segurança pública no país, mas há "níveis elevados de insegurança pública, com momentos de explosão de violência".
No início do terceiro mandato do presidente Lula, o assunto volta ao debate nacional com o agravamento da crise de segurança na Bahia e a dificuldade dos governos do Rio de Janeiro de conter a expansão do crime organizado. "Muda o estado, o que não muda, infelizmente, é a política pública e essas cenas de violência que aterrorizam a população", afirma Maria Isabel.
Ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato, o economista e liderança do MST, João Pedro Stedile, aponta para as causas estruturais que criam o ambiente propício para este tipo de crise no país. "Primeiro, o desemprego. Uma sociedade com pleno emprego diminui muito o nível de criminalidade de qualquer aspecto. Segundo, a desigualdade social. O Brasil junto com a África do Sul são as duas sociedades mais desiguais do mundo e, não é por nada, as duas são também as de maior índice de criminalidade [...]. Terceiro, a falta de alternativa para juventude. A juventude que está no centro ou está no meio do tiroteio, é ela que paga o pato".
Diante da crise, Lula chegou a afirmar que está "pensando quais condições" para a criação do novo ministério para interagir com a segurança nos estados e evitar o avanço da violência no país. Mas, para a socióloga, essa não é a solução, "a questão não é criação ou não de um ministério, a questão é qual é o projeto?"
A diretora do Instituto Fogo Cruzado declara que, depois de "anos muito sofridos", o governo Lula deve retomar o investimento em políticas públicas para a segurança em todo o país. "O crime organizado hoje não é um problema só de São Paulo. É uma problema que atravessa o Brasil inteiro e na verdade o continente latino-americano".
O instituto é conhecido por realizar levantamentos e apurações de dados de violência armada. Para isso, trabalha junto a outras organizações para divulgar informações de interesse público.