Beatriz Nascimento é referência no estudo das formações de quilombos e na luta antirracista
Da Agência Senado | 31/10/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que inscreve no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria o nome de Maria Beatriz Nascimento. A Lei 14.712, de 2023, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (31). A norma provém do PL 614/2022, do senador Paulo Paim (PT-RS).
Feminismo negro
Junto a outros militantes do movimento negro, Maria Beatriz Nascimento fundou em 1981 o Grupo de Trabalho André Rebouças, na Universidade Federal Fluminense (UFF), quando concluiu pós-graduação em história.
"Entre os anos finais da década de 1970 e início dos anos 80, Maria Beatriz foi uma presença constante na retomada dos movimentos sociais negros. E, como historiadora, dedicou-se ao estudo das formações de quilombos. Produziu muitos artigos sobre quilombos, a resistência cultural negra e o racismo. Trabalhou no documentário Ôrí, lançado em 1989. Esse filme cobre o renascimento do movimento negro entre 1977 e 1988. A obra acadêmica de Maria Beatriz também foi fundamental para o entendimento das práticas discriminatórias que pesam sobre os corpos das mulheres negras. Ela foi uma expoente do feminismo negro", destaca o relatório da senadora Daniella Ribeiro(PSD-PB) lido por Flávio Arns (Podemos-PR) na Comissão de Educação (CE), em maio de 2022.
Maria Beatriz nasceu em Aracaju em 1942, filha de um pedreiro com uma dona de casa, junto a uma família com nove irmãos. Em 1949 a família se mudou para a periferia do Rio de Janeiro. Apesar das dificuldades, Maria Beatriz priorizava os estudos e conseguiu formar-se em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1971.
Maria Beatriz Nascimento chegou a iniciar um mestrado na Faculdade de Comunicação Social da UFRJ em 1994, sob a orientação do sociólogo e jornalista Muniz Sodré. Mas não pôde concluí-lo, pois foi assassinada em janeiro de 1995 pelo companheiro de uma amiga. Maria Beatriz a havia aconselhado a terminar o relacionamento em razão das violências domésticas que sofria. Foi sepultada no cemitério São João Batista, no Rio, com a presença de militantes do movimento negro brasileiro.
Fonte: Agência Senado - https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/10/31/lider-do-feminismo-negro-e-homenageada-no-livro-dos-herois-e-heroinas-da-patria
Maria Beatriz Nascimento entra no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria
Historiadora era ativista pelos direitos de negros e mulheres
Publicado em 31/10/2023 - 15:18 Por Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil - Brasília
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A ativista na luta pelos direitos de negros e mulheres Maria Beatriz Nascimento teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, onde estão os nomes de pessoas que se destacaram na história do Brasil. A Lei 14.712/2023, aprovada pelo Congresso Nacional e publicada no Diário Oficial da União, formaliza a homenagem póstuma.
Nascida em Aracajú, no ano de 1942, em uma família de dez filhos, Maria Beatriz, foi morar no Rio de Janeiro ainda criança. Com muita dedicação aos estudos, enfrentou as limitações financeiras e, em 1971, formou em história, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lecionou na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro e chegou a ingressar no curso de mestrado em Comunicação Social, na UFRJ.
Como historiadora, pesquisou sobre a formação de quilombos, a resistência cultural negra e o racismo, temas sobre os quais escreveu inúmeros artigos, enquanto militava no movimento negro.
Em 1981 fundou o Grupo de Trabalho André Rebouças, enquanto estudava sistemas alternativos organizados exclusivamente por negros, em uma especialização latu sensu, na Universidade Federal Fluminense.
No final de década de 1980 escreveu e narrou o documentário Ôrí (1989), no qual relata a trajetória dos negros no Brasil e as lutas sociais travadas contra os mecanismos raciais deixados pela herança escravagista.
Maria Beatriz foi assassinada em 1995, no Rio de Janeiro, pelo companheiro violento de uma amiga, após aconselhar a separação.
Com a homenagem à Maria Beatriz, o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria passa a reunir 67 nomes, como o de Zumbi de Palmares, Francisco José do Nascimento, Antonieta de Barros, Luiz Gama e Laudelina de Campos Melo.
Também conhecido como Livro de Aço, a obra fica no centro da capital federal, no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes.
Edição: Denise Griesinger