Todas as mulheres morreram. Não havia como escaparem. Estavam propositalmente no fundo do barco
Naufrágio no Mediterrâneo: "Todas as mulheres morreram afogadas, com os filhos nos braços"
À medida que são divulgadas mais informações sobre o naufrágio de um navio em águas gregas, mais dramática se torna a história. Há cada vez menos esperança em encontrar alguém com vida na zona do naufrágio, uma das mais profundas do Mar Mediterrâneo. Os relatos dão conta de que as poucas mulheres que seguiam na embarcação morreram agarradas aos filhos. Estima-se que no barco seguissem até 750 pessoas. Apenas 104 foram resgatadas com vida.
A mais de 300 quilómetros do Mar Mediterrâneo, a tragédia bateu à porta de uma família curda na cidade síria de Kobani.
"Na sexta-feira à noite, perdemos o contacto com o meu filho e até agora não sabemos nada sobre o paradeiro dele. O traficante diz que chegaram à Grécia. Afogado, vivo, não sabemos", admite o pai de um jovem desaparecido.
A história de Mohammed, 18 anos, junta-se à de centenas de outros que há uma semana embarcaram na costa da Líbia com o sonho europeu no horizonte.
A guarda costeira grega lançou esta sexta-feira o terceiro e último dia de buscas na área onde naufragou um barco de pesca na quarta-feira, sobrelotado de migrantes, à procura de centenas de pessoas dadas como desaparecidas no Mar Mediterrâneo.
De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), os esforços de busca continuam na costa do sul da Grécia, apesar de haver poucas esperanças de se encontrar sobreviventes ou corpos de migrantes.
Desde quarta-feira, quando ocorreu o naufrágio da traineira, não houve mais resgates de sobreviventes ou recuperação de corpos. As autoridades gregas confirmaram que 104 pessoas foram salvas e 78 corpos de migrantes foram resgatados do Mar Mediterrâneo.
A maioria dos sobreviventes foi transferida esta sexta-feira para um abrigo de migrantes perto de Atenas, localizado no porto de Kalamata, onde familiares também se reuniram para procurar familiares.
Nove pessoas - todas egípcias, com idades entre 20 e 40 anos - foram detidas sob acusações de tráfico de pessoas e participação em grupo criminoso.
Vinte e sete dos sobreviventes permanecem hospitalizados, disseram as autoridades de saúde gregas.