Quase lá: Morre Alzira Rufino, fundadora e diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos, SP

Ela faleceu na noite de quarta-feira (26), no Hospital Ana Costa, em Santos, no litoral de SP.

 

Por g1 Santos


Morre Alzira Rufino, fundadora e diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos, SP — Foto: Arquivo Pessoal
 

A fundadora e diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra, Alzira dos Santos Rufino, morreu aos 73 anos, na quarta-feira (26), em Santos, no litoral de São Paulo. Ela estava internada no Hospital Ana Costa e a causa da morte não foi divulgada.

Conforme o desejo dela, registrado em cartório, não haverá velório e a cremação está prevista para acontecer às 14h, na Memorial Necrópole Ecumênica, no bairro Marapé, também em Santos.

Sobre a Alzira Rufino

Alzira Rufino nasceu em 6 de julho de 1949, no bairro do Macuco, na cidade santista. Foi enfermeira, escritora e ativista política brasileira atuante no Movimento Negro e no Movimento de Mulheres Negras. Também lutou contra o machismo e o racismo, e foi uma das pioneiras do feminismo negro.

Em 1990, fundou a Casa de Cultura da Mulher Negra, uma organização não governamental com o propósito de contribuir para o desenvolvimento profissional de mulheres negras, além de oferecer apoio jurídico e psicológico para vítimas de violência doméstica, sexual e de racismo.

Em 1992, recebeu o título de Cidadã Emérita da Câmara Municipal de Santos, sendo a primeira mulher negra a receber essa homenagem na região. Em 2005, foi uma das 52 mulheres brasileiras indicadas para o Projeto 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz 2005.

fonte: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2023/04/27/morre-alzira-rufino-fundadora-e-diretora-da-casa-de-cultura-da-mulher-negra-de-santos-sp.ghtml

 

Morre Alzira Rufino, referência na luta em defesa dos direitos da mulher e dos negros

Escritora e ativista política, em 2005, foi uma das 52 mulheres brasileiras indicadas ao Projeto 1.000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz

Por
 Lucas Vasques
 -


Alzira Rufino - Foto: Divulgação

 

A escritora e ativista política santista, Alzira Rufino, morreu na madrugada desta quinta-feira (27), aos 73 anos. Ela estava internada no Hospital Ana Costa, em consequência de um AVC hemorrágico.

Graduada em Enfermagem, Alzira dos Santos Rufino atuou no Movimento Negro e na defesa pelos Direitos da Mulher. Ela também foi pioneira do Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista e do afroempreendedorismo na cidade.

 

Além disso, fundou a Casa de Cultura da Mulher Negra, em Santos, e foi a primeira escritora negra a ter seu depoimento registrado pelo Museu de Literatura Mário de Andrade, de São Paulo.

Em 1992, recebeu o título de “Cidadã Emérita” da Câmara Municipal de Santos, sendo a primeira mulher negra a receber essa homenagem na região. Em 2005, foi uma das 52 mulheres brasileiras indicadas para o Projeto 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz 2005.

A ativista deixa a companheira Urivani. Não haverá velório, desejo que Alzira deixou registrado em cartório. A cerimônia de cremação será nesta quinta (27), às 14 horas, na Memorial Necrópole Ecumênica, à Avenida Doutor Nilo Peçanha, 50, em Santos.
 
 

DADOS BIOGRÁFICOS

Alzira dos Santos Rufino, nascida em 1949, é graduada em Enfermagem e se autointitula “batalhadora incansável pelos direitos da mulher, sobretudo da mulher negra”. Empenhada em desenvolver um trabalho político de combate ao racismo, fundou, em 1986, o “Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista”. Atualmente é coordenadora geral da “Casa de Cultura da Mulher Negra”, localizada em Santos/SP, que é uma organização não-governamental criada em 1990 e que, além de outras atividades de assistência jurídica e psicossocial à mulher negra, possui um programa de combate à violência doméstica e racial, dirigido pela própria escritora. Além disso, a “Casa de Cultura Mulher Negra” promove a publicação da revista semestral Eparrei, da qual Alzira Rufino é editora. É criadora do coral de crianças negras Omó Oyá e o Grupo de Dança Afro Ajaína.

Em entrevista concedida ao site Mulher, em julho de 2003, Alzira Rufino comenta os desafios impostos à mulher afro-descendente na ocupação dos espaços de decisão na sociedade, bem como no mercado de trabalho:

O movimento negro precisa ter um papel decisivo junto à população negra e à sociedade. As ONGs de mulheres negras têm também um papel importante de apontar direções, de articular as mudanças, exigindo a inclusão da mulher negra em todas as políticas de gênero e de raça em nosso país, resgatando a sua liderança, desde a chamada Abolição. Em relação à mulher negra, um dos grandes desafios deste início do terceiro milênio é colocá-la no poder, mostrando a cara nas mesas de decisão política e econômica. Se compararmos com os avanços das mulheres brancas, por exemplo, em áreas em que elas já são maioria (medicina, advocacia) nós constatamos quantas barreiras diferenciadas enfrentam as mulheres que têm a pele negra. Ao falarmos de avanços das mulheres, precisamos perguntar de que mulheres nós estamos falando. (<http://www.wmulher.com.br/template.asp?canal=mulheres&id_mater=1724>).

Poeta e contista com várias publicações em Cadernos negros, a autora recebeu prêmios em concursos de poesia de várias cidades brasileiras. Sua produção afina-se com a tendência da chamada “Geração Quilombhoje”, no sentido de uma literatura empenhada em promover a cultura afro-brasileira, a autoestima da população afro-descendente e o combate a todos os tipos de discriminação racial. Outro detalhe significativo é o ponto de vista adotado na escrita dos seus textos, o qual não ressalta apenas o olhar negro, mas o olhar negro e feminino.


PUBLICAÇÕES

 Obras Individuais

Eu, mulher negra, resisto. Santos: edição da autora, 1988. (poesia).

Qual o quê. Local: Santos: edição da autora, 2006. (conto). Muriquinho, piquininho. Santos: edição da autora, 1989. (infantil).

A mulata do sapato lilás. Santos: edição da autora, 2007. (romance).

Alzira Rufino uma ativista feminegra. Santos: edição da autora, 2008. (minicontos, crônicas, editoriais da revista Eparrei).

Bolsa poética. Santos: Demar, 2010. (poesia).

Antologias

Finally us. Contemporary Black Brazilian Women Writers Colorado: Three Continent Press, 1995. (antologia de poetisas negras brasileiras, editada por Mirian Alves e Carolyn R. Durham; edição bilíngüe português/inglês).

Cadernos Negros 19. São Paulo: Quilombjhoje; Ed. Anita, 1996.

Cadernos Negros 21. São Paulo: Quilombhoje; Ed. Anita, 1998.

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. v. 2, Consolidação. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

Ensaio

A mulher negra tem história. Em coautoria com Nilza Iraci e Maria Rosa Pereira. Santos: edição da autora, 1987.

Articulando. Santos: edição da autora, 1987. (coletânea de artigos publicados em jornal).

Mulher negra, uma perspectiva histórica. Santos: edição da autora, 1987.

O poder muda de mãos, não de cor. Santos: edição da autora, 1996.

Violência contra a mulher – uma questão de saúde pública. Anais do II Encontro Nacional de Entidades Populares. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra, 1998 (organizadora).

O Livro da Saúde das Mulheres Negras. Organização de Jurema Werneck, Maisa Mendonça e Evelyn C. White. Pallas, 2000.

Violência contra a mulher – um novo olhar. Anais do Seminário “Violência Intrafamiliar, Mulher e Saúde”. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra, 2000 (organizadora).

Vocês não podem adiar mais os nossos sonhos... In: Revista Estudos Feministas. Florianópolis: CFH/CCE/UFSC, v. 10, nº 1, 2002. p. 215-218.

Configurações em preto e branco. In: Racismos contemporâneos. Organização de Ashoka e Takano. Rio de Janeiro: Takano Cidadania, 2003.

Editoração Eparrei Online - Mulher Negra Tem História n. I-II-III- no site <www.casadeculturadamulhernegra.org.br> - Publicação Trimestral da Cultura da Mulher Negra-Santos-SP- dez. 2010/mar. 2011/maio 2011.

Edição semestral da Revista Eparrei. Santos: Casa de Cultura da Mulher Negra (nov. 2001 a nov. 2010 - 16 edições).

Editoração Eletrônica: Nossa História através da mídia - Período de 1986 a 1993 - Edição Bimestral. De jul. 2010 a mar. 2011. Disponível em: <www.casadeculturadamulhernegra.org.br>.


TEXTOS


CRÍTICA


FONTES DE CONSULTA

Cadernos Negros 19. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1996.

Cadernos Negros 21. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1998.

DUKE, Dawn. Alzira Rufino’s Casa de Cultura da Mulher Negra as a form of female empowerment: a look at the dynamics of a Black Women’s organization in Brazil todayTese – Department of Hispanic Languages and Literatures, University of Pittsburgh, USA, 2003.

Entrevista com a autora. Disponível em: <www.mulher.com.br>, 23 jul. 2003.

GONSALEZ, Lélia. Prefácio. Eu, mulher negra resisto. Santos: Edições da Autora, 1988 Poemas, Artigos e Dados Biográficos disponíveis em: <www.casadeculturadamulhernegra.org.br>.

<www.portalfeminista.org.br>

SCHMIDT, Simone Pereira. Alzira Rufino. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. v. 2, Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.


LINKS

fonte: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/528-alzira-dos-santos-rufino

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...