A pesquisa intitulada "Pesquisa Diversidade Jovem 2023" ouviu mais de dois mil estudantes
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MARIANE BARBOSA
16 DE NOVEMBRO DE 2023 - Alma Preta
Uma pesquisa desenvolvida pelo Ensino Social Profissionalizante (Espro) mostrou que 84% dos jovens negros já sentiram ou presenciaram situações de preconceito nas escolas, ou em faculdades do Brasil. O estudo ouviu 2.738 adolescentes e jovens, com idades entre 14 e 23 anos. Do total de participantes, 54% declararam-se negros.
A segunda edição da análise intitulada “Pesquisa Diversidade Jovem 2023” visa mapear as percepções de adolescentes e jovens brasileiros sobre os desafios relacionados a temas como raça/etnia, orientação sexual e identidade de gênero. Além disso, a diversidade vivenciada pelos jovens no mercado de trabalho, nos ambientes de ensino e em espaços públicos também foi alvo da pesquisa.
A amostragem revela que seis a cada dez adolescentes e jovens já sentiram ou presenciaram situações de preconceito dentro do ambiente familiar. Para 77% dos respondentes, locais como o transporte público, consultórios médicos, restaurantes, lojas ou eventos também já foram palco de episódios de preconceito.
O ambiente de trabalho foi o único espaço em que mais da metade dos adolescentes e jovens negros ouvidos pelo estudo (59%), afirmaram nunca sentir ou presenciar preconceito. Diante deste cenário, Alessandro Saade, superintendente-executivo do Espro, observa, em nota à imprensa, que o ambiente profissional está abraçando a diversidade.
“A nova edição da pesquisa mostra que o trabalho é o local onde a maioria dos adolescentes e jovens negros (68%) nunca se sentiu coagido a esconder ou omitir sua diversidade, seja ela religiosa, étnica, relacionada à sexualidade ou condição social. Mesmo sendo ainda um grande desafio o acolhimento da diversidade em locais públicos, os ambientes corporativos caminharam mais rapidamente nessa direção”, diz.
No entanto, apesar deste dado, o sentimento de 37% dos jovens entrevistados é de que, em algum momento da vida profissional, eles já foram desclassificados de uma vaga de emprego por conta de atributos fenotípicos ou étnicos. Além disso, o índice de 37% também está presente nos relatos de exclusão de grupos sociais no trabalho e 36% dizem não ter recebido mérito algum por uma ideia que tiveram.
Quando questionados sobre o debate acerca da diversidade presente nestes locais, 61% dos adolescentes e jovens negros afirmaram conversar com frequência sobre o tema nas escolas ou faculdades.
Para 79% dos entrevistados negros, o ambiente familiar é utilizado para conversas sobre diversidade, enquanto momentos de lazer e passeios são usados para conversar sobre o assunto por 76% dos jovens. No trabalho, 61% afirmam conversar sobre o tema e 44% se sentem seguros em fazê-lo em espaços religiosos.
Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.